Em vez de jogarem a responsabilidade de um para outro, governos deveriam unir forças para preservar o lago do Parque das Nações Indígenas.
Quando se pensa em Campo Grande, uma das principais imagens que vem à mente é o Parque das Nações Indígenas. O local, que já serviu de cenário para tantos álbuns de fotografia ou cartões-postais, é um dos símbolos da Capital e, se nada for feito, poderá pertencer ao passado em breve. O principal cartão-postal da cidade corre sério risco de perder uma importante atração. O lago do Parque das Nações Indígenas está assoreando, e não é de agora. Sem o lago, boa parte dos animais que ali vivem, como as capivaras – tão queridas por aqueles que moram por essas terras ou turistas –, corre o risco de desaparecer. Esse processo de assoreamento é antigo. Há muito tempo, especialistas vêm alertando sobre essa possibilidade. Desde então, pouco tem sido feito para reverter esse quadro. No ano passado, recordou o professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e jornalista Gerson Luiz Martins, em seu artigo “Lago do Parque das Nações Indígenas vai desaparecer”, publicado neste jornal na semana passada, a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico do Estado chegou a realizar a remoção da areia para a limpeza do local. A cada chuva, contudo, a terra e o lixo – sem que haja um plano de contenção – vinham com ainda mais força. Logo, a ação, que é o mesmo que enxugar gelo, foi abandonada e a situação agravou-se, como mostra reportagem de hoje do Correio do Estado.
No artigo, Martins alerta sobre um futuro desolador para o espaço público e o seu impacto na vida dos campo-grandenses. O local se tornaria quente e seco, o que afastaria os seus visitantes. Não se pode permitir tal dano em uma capital que já foi considerada uma das mais arborizadas do País. É preciso traçar um plano de recuperação urgente e que não proponha apenas medidas emergenciais – retirar os bancos de areia é essencial, mas não pode ser a única ferramenta de manutenção e preservação do lago. O governo do Estado aponta a ocupação irregular do solo na região da Mata do Jacinto como responsável pelo processo de assoreamento. A ocupação do solo é de responsabilidade da Prefeitura de Campo Grande. Porém, cabe ao Estado a manutenção e a conservação do parque. A discussão é antiga e, enquanto a batata quente é jogada ao ar, mais terra e lixo continuam sendo lançados no ponto turístico.
Em vez de ficarem jogando a responsabilidade de um para o outro, os governos estadual e municipal deveriam unir forças para preservar esse parque, que só será possível por meio de um projeto de recuperação bem elaborado e executado por seus respectivos gestores. Recuperar o lago do Parque das Nações Indígenas, um dos poucos na cidade – embora seja alto o índice de arborização –, é preservar não apenas o meio ambiente, mas também a história e a tradição de Campo Grande.