A população ganharia mais se os deputados estaduais e vereadores se preocupassem com temas regionais. Para assuntos de abrangência nacional, já temos deputados federais e senadores.
Nesta década, os temas de abrangência nacional têm ganhado mais relevância no noticiário e também nas discussões familiares. Em rodas de amigos ou parentes, é comum encontrarmos as pessoas debatendo – muitas vezes divergindo, o que é bom e natural, desde que de forma pacífica – temas como a necessidade de se preservar ou não a Amazônia ou sobre os caminhos da operação Lava Jato. É muito importante que a população converse sobre estes temas; isso ajuda todos a ficarem mais politizados, e não há problemas em debatê-los.
Senadores e deputados federais, por exemplo, que estão diretamente ligados a temas que dizem respeito a suas esferas de atuação, devem se posicionar sempre, e é isso que os órgãos de imprensa cobram. Assim fazemos. Nossa cobrança, porém, é para que todos atuem dentro de sua competência e dediquem seu tempo, seus esforços e o precioso (e um tanto quanto raro) dinheiro público em temas que realmente valem a pena.
Nesta edição, trazemos ao leitor um raio x do que tem sido as sessões da Assembleia Legislativa recentemente. Muitíssimas discussões: partidários do presidente da República saem em defesa dele enquanto os integrantes dos partidos de oposição ao chefe do governo, como era de se esperar, o atacam. A discussão seria válida e salutar se ela ocorresse não na Assembleia Legislativa, mas no Congresso Nacional – no Senado ou na Câmara dos Deputados.
Discussões partidárias em parlamentos estaduais e municipais, que deixam os temas locais e regionais de lado, não passam de desperdício de tempo e dinheiro. Deputados e vereadores nada podem fazer, por exemplo, sobre telefonia. Mas, recentemente, deputado estadual aprovou lei que isenta desempregados da cobrança de multa por fidelização das empresas telefônicas. Atitude nobre, e justa, se a telefonia fosse um setor regulamentado por lei estadual. Para a tristeza dos possíveis beneficiários de tal norma, a chance de ela ser vetada pelo governador é grande, até porque não é da competência do Legislativo Estadual tratar de tal tema. O mesmo se aplica à proposta recente que pretende proibir um brinquedo liberado pelo Inmetro. Chance de veto, ou de a lei não ser aplicada na prática, também é enorme.
A população ganharia mais se os deputados estaduais e vereadores se preocupassem com leis que poderiam ajudar a arrecadação a aumentar ou a levar serviços públicos de excelência ao cidadão; e se ouvissem mais as demandas de suas bases. Para as reivindicações de espectro nacional, Mato Grosso do Sul já conta com oito deputados federais e três senadores.