Sem um cenário claro do que está por vir nestas eleições, indicadores brasileiros voltam a cair e a projeção de retomada do crescimento fica para 2019 ou 2020.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) registrou alta de 0,57% em julho, quando comparado a junho deste ano. Embora positivo, o indicador, base para a formulação da taxa Selic, apresentou comportamento diferente do registrado em meses anteriores, com crescimento de 3,42% em junho por exemplo, e parece bater de frente com a realidade de muitos brasileiros. Sem um cenário claro do que está por vir nestas eleições, muitos indicadores brasileiros voltaram a cair e a projeção de retomada do crescimento ficou para ter início em 2019 e ganhar ritmo somente em 2020.
Essa demora pode ir além do período eleitoral, que caminha para o segundo turno. Em um país em que economia e política andam atrelados, ninguém quer pagar para ver o que vem depois. Além de aguardar para saber quem serão os novos chefes dos Poderes Executivos estadual e federal, também é preciso aguardar para ver se as promessas de campanha serão colocadas em prática – como já provado tantas outras vezes, há uma diferença muito grande entre o discurso e o ato.
As incertezas em torno do próximo presidente já vem afetando a vida das pessoas, e a tendência é de que a situação se agrave mais até o fim deste ano. Os efeitos da injeção de ânimo, aplicada na economia no começo deste ano, foram anulados pela greve dos caminhoneiros, em maio. Depois disso, todos os indicadores só fizeram piorar. O dólar teve uma alta de 25%, com previsão de bater novos recordes até outubro – a expectativa é de que a moeda americana chegue a R$ 4,50 até as eleições.
Nem mesmo a manutenção da taxa Selic, que deve ficar em 6,5%, pode ser suficiente para trazer segurança aos empresários e consumidores. Até mesmo porque, embora estabilizadas no momento, as taxas futuras – para investimentos em longo prazo – só sobem, chegando a média de 10%. Com essa montanha-russa de indicadores e um desemprego que está longe de estar estabilizado, a população se viu obrigada a manter os mesmos hábitos de consumo da crise.
Afinal, ela sabe que essa conta já começou a chegar para ela e a tendência é de que as doses fiquem cada vez mais altas. Com aumento do dólar e, consequentemente, do custo de produção nacional, é quase certo que a inflação pode voltar. A estimativa do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) já foi reajustado para cima, podendo chegar a até 4,11%, em 2019. Enquanto isso, a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) voltou a cair, de 1,40%, previsto anteriormente, para 1,36%. Para 2019, a expectativa é de que o País cresça 2,5%.
Esse cenário de incertezas e estagnação visto na economia reflete a insegurança e desânimo destas eleições. Depois de tantos escândalos, tantas prisões, tantas denúncias, os desinteressados pelo pleito eleitorar são a maioria. Clima de otimismo é tudo para a economia. Uma população otimista, que confia em seus governantes, não tem medo de investir alto, de gastar. Decisões irresponsáveis tomadas no passado custaram essa confiança e será bom que o próximo presidente tenha um plano concreto de recuperação da economia e retomada do crescimento e, preferencialmente, comece fazendo o serviço de casa, que é cortar seus próprios gastos excessivos. De promessas, o brasileiro está cansado, assim como de montanhas-russas econômicas.