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Confira o editorial desta sexta-feira: "Opinião e coragem, nossa biografia"

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Ainda que formar opinião custe inúmeras formas de perseguições e ameaças, um jornal não pode desviar-se de suas responsabilidades.

Ao longo de toda a nossa história jornalística, sofremos todos os tipos de ameaças. Fomos processados por vários governadores e muitos políticos. E um sem número de pessoas que, tendo seus males divulgados, julgaram-se injustiçados em críticas feitas. O caso mais grave da história do Correio do Estado remonta-se há anos atrás, quando as portas de nossa sede, então na Rua 14 de Julho, 1.026, foram metralhadas, a mando de perigoso contrabandista, Carivaldo Sales.

Uma das lições que aprendi com meu saudoso pai, José Barbosa Rodrigues, é que um órgão de imprensa não deve ser apenas um órgão informativo, mas também formador de opiniões. Resumindo, ainda que isso custe inúmeras formas de perseguições e ameaças, um jornal não pode desviar-se de suas responsabilidades com seus leitores. Sempre pagamos alto preço por isso: cortes de verbas publicitárias, pedidos de indenização e pronunciamentos ferinos. Todos os governantes, desde o tempo de Garcia Neto, do Mato Grosso uno, até André Puccinelli abusaram de suas perseguições. A única exceção no dia de hoje: Reinaldo Azambuja.

Ontem, fomos surpreendidos por um comunicado mal educado do diretor da Engepar. As mesmas ameaças de sempre. Processos, pedidos de indenização e sabe-se mais o quê. A razão: Correio do Estado considerou abusivo o pedido de reajuste de 25% para a realização das obras do Reviva Centro, que os comerciantes já apelidaram jocosamente de Mata Centro. Não é só abusivo, mas também suspeito, diga-se de passagem.

O pedido, inclusive, deixa claro que os técnicos da empresa ou da prefeitura pouco entendem de obras: como puderam errar tanto a ponto de, nove meses de iniciar  os trabalhos, “descobrirem” que os R$ 49 milhões que pediram em concorrência pública não será o suficiente? Querem mais doze milhões. E o prefeito Marcos Trad apresentou-se solidário ao pedido. Prontamente. Já comunicando ao Banco Interamericano de Desenvolvimento, financiador da obra, que a empresa queria muito mais dinheiro. Valor esse que já se encontra em discussões internas.

Comerciantes e empresários do quadrilátero agonizam com queda de quase 70% nas vendas. Quem vai pagar essa conta? A população de Campo Grande.

Não serão as ameaças que irão nos acovardar, negando nossos princípios. Resta-nos considerar a inexperiência ou a incompetência do secretário de Obras ou da equipe de projetos especiais, que, de pronto, deveria rechaçar o pedido da empresa.