A grande demanda por atendimento na saúde pública só chegará ao fim com uma estratégia eficiente e elaborada e também com disciplina e ações preventivas.
Alguns problemas são extremamente complexos e insistem em permanecer. O caso da saúde pública é uma destas pedras – permanentes – no sapato da população brasileira. Mesmo os cidadãos mais experientes, com mais vivência, certamente não se lembrarão de um período em que o atendimento nos postos e hospitais controlados pelo poder público era totalmente satisfatório. Talvez os dias de caos não fossem tão frequentes como atualmente, mas as longas filas por cirurgias, consultas e exames sempre existiram.
Se é que há um trabalho específico para o poder público aferir a satisfação daqueles que dependem da saúde pública, o resultado não é divulgado. E nem precisa. Basta ir a qualquer unidade de saúde, nas grandes cidades ou no interior, para verificar que existe insatisfação com a demora no atendimento, que só prolonga o sofrimento de quem já está com dor, ou qualquer outro tipo de mal-estar, e não pode esperar muito.
Por ser um setor que trata as doenças e tenta devolver o status de pessoa saudável ao enfermo, reclamações são naturais. Mesmo na saúde privada e complementar elas existem. O que não é comum e deve ser solucionado é a superlotação de hospitais e unidades de pronto atendimento.
Na reportagem publicada nesta edição, mostramos que há dois meses o Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, em Campo Grande, está em situação caótica, com dezenas de pacientes em leitos improvisados nos corredores e mais outros muitos no pronto-socorro, à espera de atendimento de urgência e emergência.
Não é de hoje que o sistema de saúde pública está doente. Em algumas ocasiões, ele apresenta melhoras, mas volta e meia seu estado se agrava. O excesso de pacientes à espera de consultas, cirurgias e exames também é um reflexo do difícil cotidiano vivido pela população e pelos desafios – cada vez maiores – apresentados aos gestores públicos.
Sempre quando se abordar o caos na saúde, muitos falarão de financiamento. O problema, porém, não é só esse. Também é de gestão, pois não é pouco o valor destinado ao setor. Infelizmente, não será do dia para a noite que as longas filas nos hospitais e nas unidades de pronto atendimento terminarão.
A grande demanda por atendimento na saúde pública só chegará ao fim com uma estratégia eficiente e elaborada e também com disciplina e ações preventivas. Sobre estas últimas, elas nunca foram tão necessárias, afinal, com os corredores dos hospitais lotados de macas, é muito melhor prevenir para não ficar doente.