Artigos e Opinião

CORREIO DO ESTADO

A+ A-

Confira o editorial desta sexta-feira: "MS em alerta mais uma vez"

Confira o editorial desta sexta-feira: "MS em alerta mais uma vez"

Continue lendo...

O período chuvoso e de altas temperaturas já se tornou sinônimo de aumento dos casos de dengue; nem por isso deve-se deixar de lutar contra a proliferação da doença.

Pelo menos metade de Mato Grosso do Sul já está alerta em razão da alta incidência de casos de dengue, e a tendência é que este índice só aumente, assim como o número de vítimas da doença. O período chuvoso e de altas temperaturas já se tornou sinônimo de aumento de casos da dengue e de outras doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti (chikungunya e zika). Nem por isso, no entanto, se deve acostumar com a situação e deixar de combater a sua proliferação.

De janeiro até o início de dezembro, foram registrados 5,5 mil casos da doença em todo o Estado. Embora inferior ao volume de notificações registradas no ano passado (6,2 mil casos), é preciso lembrar que Mato Grosso do Sul é um estado endêmico, ou seja, sempre que se baixar a guarda, a doença volta com tudo, como em 2016, quando foram registrados mais de 50 mil casos da doença. Se esse número de ocorrências, superior à população média da maioria dos municípios sul-mato-grossenses, não for suficiente para mobilizar a população, resta lembrar que a doença mata. Nesta semana, um adolescente de 13 anos perdeu a vida por conta da dengue, em Três Lagoas. O município é o que concentra o maior número de casos notificados, 1,8 mil até o momento.

O que deve ser feito para combater a proliferação do mosquito e, consequentemente, a incidência das doenças por ele transmitidas é de conhecimento de todos. Manter quintais limpos e arejados – o que também ajuda a combater a leishmaniose –, retirando qualquer recipiente que possa servir como reservatório de água, e manter vasos com plantas secos, entre tantas outras dicas que já foram repetidas exaustivamente – o que não as fazem menos necessárias. O discurso repetido só poderá ser, de fato, encerrado de vez quando as palavras se tornarem ação, o que será sabido quando os casos de doenças como estas reduzirem. Sim, trata-se de uma ação semelhante a de enxugar gelo, contudo, ainda é infinitamente melhor do que nada fazer.

A história mostra que a luta contra um mosquito é antiga, mas o Brasil já teve seus momentos de vitória. Os primeiros relatos da doença no País surgiram em 1916. A partir de 1930, houve uma grande mobilização para erradicar a enfermidade, o que aconteceu em 1955. Porém, como nem todos os países tiveram sucesso em sua erradicação, em 1967, o Aedes estava novamente voando pelo território brasileiro. A nova erradicação aconteceu em 1976 e também durou pouco tempo. O fato é que o clima tropical não colabora. Quanto mais quente e com mais chuva, maiores as chances de uma nova epidemia.

Tanto que, agora, as autoridades já desistiram de erradicar o mosquito. O desafio é controlar a proliferação dele até que a vacina contra a dengue esteja disponível no mercado, o que não falta muito.