Empresários estão se aproveitando da greve dos caminhoneiros e reajustando seus preços sem nenhum critério. São criminosos e devem ser tratados como tal.
Caminhoneiros da maioria dos estados brasileiros resolveram cruzar os braços em protesto contra o aumento no preço dos combustíveis. Eles prometeram parar o Brasil e cumpriram. Para quem achava que se tratava de um movimento isolado, a greve – iniciada na segunda-feira – ganhou não só corpo, como também o apoio das mais diversas instituições. Só em Mato Grosso do Sul, foram mais de 40 trechos de rodovias parcialmente bloqueados. É nítido que boa parte dos brasileiros, cansados de pagar tão caro no litro da gasolina, está do lado dos caminhoneiros, mesmo com todos os percalços que uma paralisação desse porte pode provocar.
Como era de se esperar, sem o transporte rodoviário, deu-se início ao processo de desabastecimento em todo o País e, consequentemente, à corrida para garantir produtos essenciais, como alimentos, combustíveis etc. E está aí um dos piores crimes contra o consumidor. Empresários, se é que ainda se pode chamá-los dessa forma em vez de bandidos, estão se aproveitando desse momento de fragilidade e incerteza para ganhar dinheiro fácil.
Em postos de combustíveis de Campo Grande, preços foram reajustados – eventualmente, mais de uma vez, somente na manhã de ontem. O mesmo ocorreu com alguns supermercados e vendedores de produtos tidos como essenciais. São verdadeiros assaltantes, mesmo que à mão desarmada, e precisam ser tratados como bandidos, ser presos e condenados por seus crimes. Afinal, aumentos abusivos de preços constituem crimes contra a economia popular, previsto no Código Penal.
A população também precisa ajudar a combater esses maus empresários. A denúncia à polícia e ao Procon são essenciais, assim como fazer protestos em frente desses estabelecimentos. Se estão lutando contra os aumentos abusivos, nada mais justo que aquele que se aproveitar desse momento também ser apontado como culpado. Não são empresários, são bandidos e, de ladrões, já bastam os assaltos cometidos pela Petrobras.
A estatal, em discurso de seu presidente Pedro Parente, reforçou que os governos dos estados têm suas parcelas de culpa por conta da alta tributação. Sim, a carga tributária é elevadíssima no Brasil. Mas isso não a exime do fato de fazer com que os brasileiros paguem pela sangria desatada cometida por governos corruptos do passado. A Petrobras está cobrando da população a dívida deixada pela corrupção e, o mais grave, essa conta tem sido paga exclusivamente pelos brasileiros.
Embora tenha sido orgulho nacional por anos, a Petrobras cobra caro pelo litro da gasolina por aqui, mas dá descontos consideráveis para os consumidores de países vizinhos. Um dos exemplos mais emblemáticos está em Ponta Porã. Separada de Pedro Juan Caballero somente por uma rua, a diferença de preço é gritante. O combustível fornecido, também pela Petrobras, chega a custar até 40% mais barato do lado paraguaio, o que, consequentemente, está matando o setor em Ponta Porã. A situação não é diferente da Bolívia, que consegue vender a preços mais baratos que a média de Mato Grosso do Sul. Até quando o brasileiro será assaltado?