A recuperação do entorno da antiga rodoviária da Capital, no Bairro Amambaí, não é uma necessidade somente dos que habitam a região, mas de toda a cidade
Há quase uma década, quando a rodoviária de Campo Grande saiu do Bairro Amambaí e foi transferida para a Avenida Gury Marques, saída para São Paulo, uma solução foi oferecida e, com ela, vários outros problemas surgiram. O edifício do Terminal Heitor Eduardo Laburu continuou lá, com seus condôminos, que antes viviam do fluxo ininterrupto de pessoas indo e vindo e agora agonizam com a movimentação – também contínua – de usuários de drogas e praticantes de vários delitos.
Quem sofre com os novos problemas são os que ficaram. Não foi apresentada nenhuma solução concreta para eles quando o terminal foi transferido. Os edifícios no entorno do antigo terminal e até mesmo o asfalto das ruas nas suas imediações proporcionam ao cidadão que (ainda) passa por aquelas redondezas a experiência de viajar no tempo.
As paredes parecem querer contar histórias de um passado glorioso em meio ao presente desolador e um futuro, até o momento, sem nenhuma perspectiva.
É difícil circular pela região da antiga rodoviária, no Bairro Amambaí, e não se lamentar. O descaso entristece. A degradação é latente. Reportagem publicada na edição de sábado/domingo mostrou que os comerciantes do antigo terminal resgataram – pelo menos isso – a esperança.
A perspectiva de liberação de R$ 15,5 milhões de emendas federais para reformar parte da estrutura é uma notícia alentadora em meio ao submundo diuturno proporcionado por muitos dos usuários de droga que habitam a região esquecida.
Não basta, porém, dinheiro e reformas. É preciso limpeza e organização. É indispensável a ação do poder público. Por que a Prefeitura de Campo Grande, por exemplo (tal qual repartições de outras esferas, como Estado e União) não ocupa o prédio, oferecendo serviços públicos? Certamente o custo seria bem menor que a quantia utilizada para pagar aluguel para alguns órgãos administrativos.
A própria Polícia Municipal (ex-Guarda) está por lá. A convivência dela com os usuários de droga é que parece não ser coerente, mas, para isso, aguardamos explicação da própria força de segurança.
Com mais fluxo de pessoas, mais policiamento e mais organização, certamente o entorno da antiga rodoviária renasceria. Basta vontade – e um empurrão – das autoridades para isso. Esperemos que o otimismo dos comerciantes do local contagie outros setores da sociedade. A cidade agradece.