O que esperamos é que esta relação tensa entre a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a CCR MSVia torne-se mais harmônica.
A década que já se aproxima do fim foi de grandes transformações no sistema de transporte rodoviário de Mato Grosso do Sul. Os leitores mais vividos, mais experientes, lembrarão que no início dela as notícias que prevaleciam sobre rodovias eram relacionadas ao excesso de acidentes de trânsito, aos buracos nas vias e ao medo sempre que alguém fosse pegar a estrada.
De lá para cá, muita coisa mudou, sobretudo por conta das transformações que ocorreram na indústria automobilística e, principalmente, nas vias. Itens de segurança como airbags e freios antiderrapagem (ABS) passaram a ser obrigatórios nos automóveis, mas o fator preponderante na redução da letalidade das estradas foi a melhoria no estado de conservação das mesmas. Neste mesmo período, a BR-163, que até os primeiros anos da década mantinha o status de “rodovia da morte”, foi concedida à iniciativa privada e, aos poucos, foi deixando de ser uma via assustadora.
O motorista, claro, pagou o preço pelas melhorias de condições da BR-163. Desde que ela foi concedida ao grupo CCR, mais de uma dezena de unidades do Serviço de Atendimento ao Usuário foram instaladas em meio às praças de pedágio.
A relação começou a ficar tensa em 2016, quando a concessionária deixou de receber os recursos prometidos pelo governo federal via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e, por isso, suspendeu as obras de duplicação. Nesta edição, mostraremos que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) deveria ter baixado a tarifa de pedágio desde então, mas não o fez. A explicação é simples: apesar do bloqueio nos empréstimos, a concessionária manteve a tarifa como se ela não tivesse interrompido o trabalho de duplicação. A agência, talvez pela mudança na gestão do governo federal, só tomou providências após três anos, e o pedágio deverá, enfim, ser reduzido. É justo que a concessionária continue cobrando por seus serviços, que – com exceção na moratória da duplicação – têm sido cumpridos a contento, mas ainda é mais justo que o custo da duplicação não seja embutido no preço do pedágio, até porque os recursos emprestados pelos bancos públicos, mais cedo ou mais tarde, deveriam ser pagos pela empresa.
O que esperamos é que esta relação tensa entre a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a CCR MSVia torne-se o oposto, mais harmônica. O usuário da BR-163 gostaria de ver a rodovia totalmente duplicada, é uma verdade. Mas, ao mesmo tempo, não gostaria que ela voltasse ao status de “rodovia da morte” do início desta década.