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Confira o editorial desta segunda-feira: "O 'coração' da cidade"

Confira o editorial desta segunda-feira: "O 'coração' da cidade"

Redação

16/07/2018 - 03h00
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Não é raro ler ou ouvir comparações das regiões centrais de alguma cidade com o coração de um ser vivo. Basta observar uma imagem noturna aérea de uma região central, com uma grande aglomeração urbana, para comparar as luzes e o movimento de veículos com as veias e artérias pulsando, em movimento constante, a partir de um núcleo, em direção às extremidades. Assim é o coração de um ser humano, assim é o coração de uma cidade, que nada mais é que uma aglomeração (nem sempre) organizada de humanos.

Ainda nesta analogia, vale lembrar que toda vez que se faz necessária uma intervenção neste órgão fundamental para manter o corpo vivo, são necessários cuidados extremos, procedimentos padronizados e atenção plena, para manter todos os outros órgãos em funcionamento. Sim, acabamos de descrever uma cirurgia cardíaca. Agora, pense em uma intervenção no coração de uma cidade. Os cuidados com a obra, os métodos e os protocolos não deveriam ser semelhantes aos do procedimento médico? Pensamos que sim.

No mês passado, teve início a etapa mais aguardada do projeto Reviva Campo Grande, plano elaborado em 2012, financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e orçado em US$ 56 milhões (atualmente, quase R$ 200 milhões). A obra em questão é a transformação da Rua 14 de Julho: via mais importante para o comércio. A necessidade de melhorar a estrutura da rua é um desejo quase unânime da população. O que não existe é consenso (e satisfação de algumas das partes envolvidas) sobre a forma como o projeto é executado. O comércio, que precisa do movimento de pessoas para se manter, não as vê mais. A circulação dos consumidores em alguns trechos da rua está prejudicada. Voltando à analogia, é como se houvesse um erro médico durante a cirurgia. Este erro, porém, ainda pode ser corrigido.

É preciso que a Prefeitura de Campo Grande acelere as obras para evitar danos aos comerciantes, e muito mais. Os danos também podem ser evitados com comunicação. Muita comunicação. Os meios estão aí para isso. Horários das interdições devem ser comunicados com antecedência e adequadamente sinalizados.

Nossa população é muito trabalhadora, mas não é vidente. Os comerciantes também precisam de mais transparência e, quando falamos em ser transparente, não nos referimos a audiências públicas e reuniões na Associação Comercial. Estamos nos referindo à elaboração de manuais de como proceder durante as obras de atendimento constante para esta classe, a mais atingida pelas intervenções.

Quanto à execução mais rápida do projeto, esperamos que engenheiros, empreiteira e servidores da Secretaria Municipal de Infraestrutura aprendam com os desafios e erros encontrados na primeira quadra sob intervenção – cujo atraso no cronograma já chega a 40 dias –, para que, nas próximas etapas, o período de transtornos seja bem menor. A população agradece.