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Confira o editorial desta segunda-feira: "MS mais competitivo"

Confira o editorial desta segunda-feira: "MS mais competitivo"

Redação

18/03/2019 - 03h00
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Investimentos  nos terminais portuários, assim como outros projetos em andamento deverão contribuir com a industrialização do Estado

A greve dos caminhoneiros, que parou o Brasil em maio do ano passado, teve um lado positivo: despertar para a dependência econômica do transporte rodoviário. Era o empurrão que o País precisava para sair do estado de inércia no que se refere à logística e  começasse a tirar do campo das ideias e discussões projetos importantes para diversificar os meios de escoamento da produção nacional.

Enfim, os transportes hidroviários e ferroviários deixariam de ser ignorados.  Ironicamente, os dois modais, que são bem mais baratos do que o rodoviário, estavam abandonados, quando não sucateados. Prova desse descaso está dentro do nosso Estado. A ferrovia que trouxe o desenvolvimento no passado e ajudou na formação de diversas cidades a suas margens está em completo abandono. 

Em Mato Grosso do Sul, a logística sempre foi apontada como um dos principais gargalos para o desenvolvimento econômico, mesmo reunindo  os três principais modais de exportação. Esse cenário começou a mudar. Reportagem de hoje do Correio do Estado mostra que os investimentos em terminais portuários em Porto Murtinho, por meio do Programa de Estímulo à Exportação ou Importação pelos Portos do Rio Paraguai,  deverão dobrar a exportação da soja pelo modal nos próximos anos. A expectativa é que 30% da produção exportada seja enviada a outros países pelas águas do Rio Paraguai.

No outro extremo do Estado, a Hidrovia Tietê-Paraná será privatizada pelo Estado de São Paulo, o que pode beneficiar diretamente Mato Grosso do Sul,  como citou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Conforme o tucano, a privatização irá permitir que o escoamento da produção do Brasil até o Uruguai, Argentina e Paraguai, fazendo a ligação desde MS até a fronteira. E ainda temos em discussão a construção de duas pontes sobre o Rio Paraguai, Rota Bioceânica e o projeto da Ferrovia TransAmericana, projeto que, enfim, vai reativar o transporte ferroviário no Estado. 

Todos esses investimentos deverão contribuir para o aumento da competitividade de Mato Grosso do Sul e também para aumentar o setor produtivo, mas ainda temos um longo caminho a percorrer para atingir o grau de industrialização que temos capacidade e também conseguir a tão sonhada diversidade da base econômica.  Mato Grosso do Sul é um estado voltado para a cultura agropecuária, o que se mostrou de grande importância  em um passado recente. Quando o País entrou em uma das piores crises econômicas da sua história, o impacto no Estado foi menor em comparação com outras unidades federativas, graças à força do campo. Isso não quer dizer que não possa ser indutrializado sem abrir mão das suas raízes. 

Um não anula o outro, pelo contrário.O  caminho para a industrialização do Estado também pode passar pelo campo. Uma ideia não anula a outra. Mas, para isso, é importante aumentar a diversidade da nossa matriz econômica. Hoje, a balança comercial é mantida pelo tripe soja-celulose-carne. Como  o primeiro fechou em queda no ano passado, coube à celulose, ainda sob o efeito da inauguração da segunda linha de produção da Fibria, segurar as pontas. A terceira base de sustentação desse pilar é a carne, que embora tenha fechado o ano passado com crescimento da receita com as exportações, tem recuado.

No ano passado, foram abadidas 200 mil cabeças a mais. O gado está perdendo espaço para outras culturas, e este é um risco para o Estado, como mostrou a própria balança. Não há como apostar toda a economia do Estado em uma única cultura. O desafio para os próximos anos de Estado serão diversificação da cultura e um dos caminhos será por meio do aumento da produtividade, produzir mais em menor espaço.