Não é de hoje que os problemas do sistema de transporte coletivo são mostrados. O lamentável é que o descaso continua: a frota cada vez menor, com ônibus mais velhos.
O respeito aos contratos é um dos pilares para o bom funcionamento de uma sociedade. Quando isso ocorre, a segurança jurídica se consolida, e a ordem e a satisfação imperam. Nas relações de concessão, entre poder público e empresas privadas, também é importante que os contratos sejam devidamente cumpridos, sobretudo quando eles tratam de prestação de serviço à população.
O transporte coletivo, por exemplo, é um dos serviços essenciais que, quando feito de forma correta e eficiente, poderia melhorar o trânsito - fazendo com que muitas pessoas trocassem, em alguns casos, carros e motos pelos ônibus - e proporcionar mais qualidade de vida para o cidadão. Quando há rapidez e facilidade para se locomover para o trabalho ou para escola, quem depende do transporte coletivo pode ter mais tempo livre para desempenhar outras atividades. Em países da América do Norte e da Europa, por exemplo, os gestores concluíram que investir em transporte coletivo de qualidade ajuda a reduzir a emissão de poluentes na atmosfera, torna o cotidiano do cidadão menos cansativo, e ainda contribui para manter uma boa infraestrutura viária, com um número bem inferior de veículos circulando.
Em Campo Grande, se o contrato de concessão do transporte coletivo, do qual o Consórcio Guaicurus é signatário, fosse devidamente cumprido, certamente o passageiro teria mais horários disponíveis, mais conforto e rapidez para se locomover. Certamente, seria um peso a menos em seu cotidiano. Mas, a realidade não é essa, o concessionário do sistema de transporte mantém uma frota mais antiga que a prevista na concessão, conforme explicamos em reportagem publicada nesta edição.
Não é de hoje que os problemas do sistema de transporte coletivo são mostrados. O lamentável é que o descaso continua: os ônibus estão cada vez mais velhos, e a frota, cada vez menor. As autoridades reguladoras pouco - ou nada - fazem. Aonde estão as agências de Transporte e Trânsito (Agetran) e de Regulação de Serviços Públicos (Agereg) para cobrar, multar ou mesmo (se for o caso) romper com o Consórcio Guaicurus.
Recentemente a maioria dos vereadores de Campo Grande se mobilizou para queixar-se de alterações nas contas de energia elétrica, serviço que é regulado pelo governo federal. Quando se trata do transporte coletivo, de responsabilidade do município, e no radar das atribuições dos vereadores, o silêncio na Câmara é sepulcral.
Também perguntamos aonde está o Ministério Público Estadual nessas horas. Os promotores de Justiça, em muitos casos, preocupam-se com coisas bem menos importantes, mas não apura se o serviço de transporte coletivo é desempenhado conforme rege o contrato de concessão. Quem depende de ônibus para se locomover em Campo Grande, nunca esteve tão desamparado pelas autoridades.