Pode parecer que ao entrar para a OCDE, o Brasil não vá melhorar da noite para o dia, mas é possível afirmar que, no médio prazo, muitas coisas mudarão para melhor por aqui.
O desenvolvimento é algo contínuo e constante. Por mais que exista o termo desenvolvido, seja para o conceito de uma pessoa adulta (que já foi uma criança e depois um adolescente) ou mesmo para uma sociedade, uma cidade ou país, o trabalho para aprimorar-se é constante. Considerar-se desenvolvido está muito mais para um patamar atingido e que pode ser revertido do que propriamente para um ponto ou objetivo final de uma jornada.
Sempre haverá algo a mais para se fazer. É assim quando as pessoas concluem as etapas de sua vida. Quando elas chegam a algum desfecho, as portas de uma nova jornada se abrem. Os que conseguem ultrapassar as etapas da vida escolar, entre um fim de ciclo e outro – que vai da pré-escola à graduação (uma parte cada vez maior, nas pós-graduações) –, sabem que as metas não acabam em si.
Assim também funciona entre as nações. Ontem, os Estados Unidos da América, maior economia do planeta, formalizaram o apoio ao ingresso do Brasil à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Na história recente das relações internacionais – desde quando a organização foi criada, em 1961 –, o Brasil flertou algumas vezes com os integrantes deste “clube dos países ricos”. Já recebeu convites e recusou a entrada, bem como já manifestou interesse de entrar em outras ocasiões.
Ocorre que o País nunca esteve tão perto de participar da OCDE. Pode parecer que ao entrar na organização, o Brasil não vai melhorar da noite para o dia, mas é possível afirmar que, estando lá dentro, certamente muitas coisas vão mudar por aqui. Em primeiro lugar, porque, para integrar este clube, é preciso seguir um protocolo. Se não tiver as condições mínimas, será necessário buscá-las e demonstrar que está trabalhando em suas metas. Isso inclui não somente o segmento econômico, que, sem dúvida, é o mais importante na pauta da organização, mas também outros setores da sociedade que influenciam diretamente o cotidiano da população que produz. Boas práticas são requisitos: combate à violência e aos crimes de colarinho branco, como os de corrupção, por exemplo; simplificação das formas de se produzir, no que diz respeito ao sistema tributário; e, claro, buscar bons índices de educação.
A OCDE leva a educação tão a sério que é ela, por exemplo, que organiza o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em Inglês). O Brasil, mesmo não fazendo parte, já é submetido à prova há alguns anos, e o nosso desempenho nela, para não afirmar que é ruim, tem de melhorar.
Nesta edição, mostraremos como a entrada para este clube poderá ser benéfica para Mato Grosso do Sul. O Estado, grande produtor de matérias primas com elevada demanda nos países ricos, poderá ser muito beneficiado.