Os prejuízos que os acidentes de trânsito causam à economia local são muitos e difíceis de calcular, por causa de sua extensão.
Relatório da Seguradora Líder, administradora do seguro obrigatório Dpvat, indica que o excesso de motocicletas no trânsito das cidades brasileiras, especialmente Campo Grande, não é só um problema de saúde pública, mas também causador de várias mazelas, como a perda de produtividade na economia, e gerador de gastos públicos excessivos. A origem desta triste realidade está na falta de práticas defensivas na condução desses veículos de duas rodas, na fiscalização precária pelas agências de trânsito e forças policiais, na formação pouco rigorosa de condutores e na infraestrutura, extremamente deficiente. No caso específico de Campo Grande, em meio a ruas esburacadas e com sinalização quase inexistente, as vias públicas tornam-se “terra sem lei”, onde, se há regras, elas não são visíveis por motoristas, tampouco por pedestres.
Os números do DPVAT são alarmantes. Campo Grande é a sexta capital do Brasil em pagamento de sinistros do DPVAT, conforme reportagem publicada nesta edição. Vale destacar que a cidade sul-mato-grossense, com seus 874.210 habitantes (conforme estimativa do ano passado, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é a 16ª capital do País em população. Quando se trata de quantidade de pagamentos de indenização por invalidez em acidentes envolvendo motocicletas, a maior cidade de MS sobe ainda mais no ranking, fica em 4º, à frente de metrópoles como o Rio de Janeiro.
Poderíamos citar vários fatores responsáveis por este cenário descrito pela Seguradora Líder, entre eles o desrespeito frequente às leis trânsito pelos motociclistas, algo que é fácil de constatar. Basta permanecer parado, motorista ou pedestre, perto de um semáforo, para notar inúmeros motociclistas cometendo irregularidades, como circular entre “corredores” de automóveis parados e avançar – sem nenhum constrangimento – o sinal vermelho.
Os prejuízos que os acidentes de trânsito causam à economia local são muitos e difíceis de calcular, por causa de sua extensão. Em 2017, por exemplo, foram 3.261 pessoas que saíram inválidas destas ocorrências, conforme a seguradora que administra o DPVAT. Isso significa que estas vítimas do trânsito deixarão de ser consideradas economicamente ativas e, em muitos casos, precisarão da assistência constante – e cara – do Sistema Único de Saúde (SUS), além do pagamento de vários benefícios pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Em resumo, se as autoridades de todos os entes federativos se preocupassem mais com os acidentes de trânsito na zona urbana e com suas consequências, certamente, o poder público gastaria menos com saúde e pagamento de pensões e benefícios. A economia também agradeceria, com mais força de trabalho. Essa transformação é possível desde que o problema seja analisado de forma mais abrangente, e não pontual, como de costume.