Diante de projeções tão sombrias, como as que estão se desenhando na economia brasileira, ao menos um dado trouxe um pouco de alento a Mato Grosso do Sul. Conforme publicado por este jornal na edição de ontem, o Estado encerrou o mês de agosto com 614 novas empresas constituídas, melhor resultado dos últimos oito meses, e o destaque vai para o setor de serviços. Sozinho, o segmento, um dos maiores geradores de empregos do País, foi responsável pela geração de 382 novos empreendimentos.
A recuperação do setor de serviços resulta em ao menos queda nos índices de desemprego, o que já é para se comemorar. Foi esse segmento que garantiu mais da metade dos empregos gerados em Mato Grosso do Sul nos primeiros sete meses do ano, com 4,4 mil novos postos de trabalho. Se a construção civil é uma das primeiras a sentir os efeitos de uma crise econômica – são mais de três mil postos de trabalho fechados nos últimos 12 meses –, o setor de serviços aponta os primeiros sinais de recuperação.
Além da facilidade na hora de abrir o negócio, o segmento, dependendo da área de atuação escolhida, não demanda um alto investimento na criação de estoque ou na estrutura de atendimento – notícia excelente para quem, por exemplo, perdeu o emprego durante a recessão, mas não pretende ficar parado. Em decorrência disso, este é um dos setores que mais cresceram com a crise.
Outro fator que contribuiu foi o fato de que, diante de uma nova realidade econômica, o consumo cessou e o que antes era trocado por novo passou a ser levado para o conserto.
No auge da crise econômica, o agronegócio conseguiu segurar as pontas de Mato Grosso do Sul. A recessão teve seu impacto – devastador para tantos outros estados – amenizado pela produção recorde de grãos. Agora, passada a recessão, mas longe de uma recuperação embalada, o setor de serviços é mais um ponto de apoio para não deixar que a situação não volte a se agravar.
O problema é saber quanto esse segmento é capaz de aguentar, diante de uma eleição conturbada, de incertezas quanto ao futuro do País e das medidas econômicas que serão adotadas dependendo de quem for eleito presidente, com a disparada do dólar, juros futuros que estão em alta e a inflação, que ameaça retornar. Com medo, brasileiros frearam o consumo, e a economia, que chegou a esboçar uma recuperação no primeiro trimestre, voltou a estagnar.
Por isso, só se pode esperar que, diante de mais uma safra recorde, o agronegócio e o setor de serviços tenham força suficiente para segurar as pontas até que outros segmentos também embalem uma recuperação estável.