Se o efetivo policial na região de fronteira fosse maior, e se a infraestrutura das delegacias melhor, certamente, mais traficantes estariam atrás das grades.
Em Mato Grosso do Sul, apreender drogas em rodovias é uma rotina diária. Não há um dia em que algum policial, seja militar, civil, federal ou rodoviário federal, não retenha uma carga de maconha, cocaína e até mesmo de drogas sintéticas. O ano de 2019 tem sido surpreendente quanto ao volume de apreensão, sobretudo de cocaína, droga mais valiosa no submundo do narcotráfico.
As grandes apreensões denotam dois lados do combate ao crime. O primeiro, mostra o bom trabalho que as polícias têm feito na região de fronteira, mesmo com escassos recursos para combater o tráfico. As muitas toneladas de droga apreendidas no Cone-Sul do Estado, um das principais corredores de maconha e cocaína que abastecem os grandes centros brasileiros e europeus, é o produto do esforço diário dos agentes da lei, que mesmo com um baixo efetivo, ainda conseguem tirar muita droga de circulação.
O outro lado das grandes apreensões nos leva a concluir que, se o efetivo policial na região de fronteira fosse maior, e se a infraestrutura das delegacias melhor, certamente, mais traficantes estariam atrás das grades, e ainda muitos mais drogas estariam nos depósitos da Polícia Federal, e de outras forças de segurança pública, como Departamento de Operações de Fronteira (DOF). Para isso, porém, é preciso investimentos e que promessas dos governantes sejam devidamente cumpridas.
Há décadas que se fala em reforçar a atuação das polícias. Já falaram reformar delegacias de cidades estratégicas no combate ao tráfico, como as fronteiriças Corumbá e Ponta Porã, e também já prometeram em um passado recente, a instalação de aparelhos de scanner (raio-x) que poderiam flagrar grandes quantidades de droga em caminhões. Nada disso foi cumprido.
O aumento das apreensões de droga nas rodovias de Mato Grosso do Sul também traz a tona um outro sintoma: a maior demanda dos usuários. A cada grande apreensão de droga, os traficantes, aparentemente, têm quantidade similar ao volume retido pela polícia para reabastecer o mercado ilegal. Não basta apenas desmontar grandes quadrilhas, é preciso impedir - e provar isso - que a droga não está chegando ao pequeno traficante e ao usuário.
A ação da Polícia Federal neste ano de 2019 é digna de elogios. Os trabalhos integrados com outras forças de segurança, e o uso de inteligência para apreender grandes volumes de droga e parar de “enxugar gelo” com pequenas apreensões é o trabalho a ser feito. Os delegados e agentes da PF estão fazendo a parte deles. Policiais de outras forças, como o DOF, também. O que se espera agora é que o poder público reconheça este bom trabalho com investimentos no combate ao crime.