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CORREIO DO ESTADO

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Confira o editorial desta quinta-feira: "Mais que soja e boi"

O comportamento das exportações em 2018 mostrou que Mato Grosso do Sul está no caminho certo ao diversificar a produção

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Mesmo com a economia nacional ainda estagnada, Mato Grosso do Sul bateu novo recorde na receita com as exportações. Como mostrou reportagem do Correio do Estado desta semana, o Estado fechou o ano com US$ 5,92 bilhões de faturamento com o comércio exterior. O volume, 18,9% superior a igual período de 2017, ainda não foi suficiente para colocar a economia estadual entre as mais potentes do País, ranking liderado de longe por São Paulo, mas mostra que o Estado está no caminho certo.

Um dos principais fatores que contribuíram para este resultado está no processo de diversificação da base produtora. A economia sul-mato-grossense está calcada no agronegócio, e o Estado tem de agradecer por isso. Forte, o setor conseguiu amortecer o impacto da recessão que derrubou outros estados. Por aqui, a projeção é de crescimento das riquezas, enquanto ainda se fala em crise em boa parte do Brasil. Esse agro, porém, vai muito além da soja e da carne, embora essas sejam – e possivelmente sempre serão – essenciais à balança comercial. A soja ainda é o carro-chefe. As vendas do grão no mercado exterior renderam US$ 1,92 bilhão, 40% a mais em comparação ao ano anterior. A carne também está entre os cinco produtos mais exportados. Nesses dois casos, há ainda entre os mais exportados os seus derivados, como a carne desossada ou até mesmo o bagaço da soja, resultado do processo de industrialização do Estado.

A base é praticamente o tripé: agricultura, pecuária e mais recentemente a floresta; já os derivados são vários. No ano passado, o Estado consagrou-se como maior exportador de celulose do Brasil. Mesmo assim, ainda há muito o que avançar para aumentar essa diversificação e também a competitividade do Estado, tanto pela própria cadeia produtiva quanto pelos governos (estadual e federal). Do lado do produtor, a responsabilidade de buscar a modernização da sua produção, visando a sustensabilidade e aumento da produtividade. Do lado do poder público fica a obrigação de proporcionar um ambiente seguro para que o produtor possa investir, seja ele de casa ou estrangeiros. Por sinal, a medida de liberar a compra de terras por estranheiros, que voltou à pauta com a chegada do governo Bolsonaro, tem gerado grande expectativa em terras sul-mato-grossenses. O Estado também necessita melhorar a logística e, para isso, precisará de parcerias. Não se pode permitir que a organização, ou melhor, a falta dela, prejudique o desenvolvimento local.

Mato Grosso do Sul ainda tem um longo caminho a percorrer, mas, ao menos, a economia tem se mostrado mais animada para retomar essa caminhada. Caso este clima de otimismo que tomou conta do mercado neste início de ano se mantenha no decorrer de 2019, é bem possível que o Estado permaneça na linha de crescimento das exportações para este ano, com  grandes chances de novo recorde. Tudo está dependendo das medidas a serem adotadas pela equipe econômica do novo presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. A economia de Mato Grosso do Sul está pronta para voltar a se mover. A velocidade desses passos será ditada pelas ações tomadas na esfera governamental.