O poder público praticamente faz um “convite” aos criminosos, que encontrarão ainda mais liberdade para trazer ao País drogas e armas.
Osucateamento e contingenciamento de recursos destinados à Polícia Rodoviária Federal (PRF) já produz consequências deletérias à fiscalização em Mato Grosso do Sul. Para tentar minimizar os efeitos da medida equivocada adotada pelo governo federal, de reduzir em 39% o orçamento para a corporação, foi preciso cortar blitz e rondas no decorrer das rodovias com objetivo de economizar combustível. Dessa forma, tenta-se, pelo menos, manter os 18 postos em funcionamento, mas ainda não há certeza se será possível fechar as contas. O poder público praticamente faz um “convite” aos criminosos, que encontrarão ainda mais liberdade para trazer ao País drogas, armas e produtos contrabandeados. Um retrocesso e desrespeito às prioridades da população.
O drama destoa completamente da dura realidade enfrentada pelo aumento da violência em todo País. Sabe-se que Mato Grosso do Sul é uma das principais portas de entrada para produtos ilegais que abastecem quadrilhas nos outros estados. Praticamente todos os dias, drogas são apreendidas. Ao menos uma vez por semana, os carregamentos chegam a surpreendentes toneladas de maconha. Somente no primeiro semestre deste ano, policiais rodoviários federais apreenderam 103 toneladas, o triplo das apreensões feitas em 2016. Mas, na contramão das estatísticas, dos esforços e resultados obtidos, o governo promoveu, no último mês, “desfalque” na fiscalização que já era insuficiente pela falta de pessoal, de viaturas ou até mesmo de aparatos tecnológicos que poderiam ajudar a monitorar as estradas.
Ontem mesmo, policiais apreenderam 300 quilos de cloridrato de cocaína em uma carreta no posto situadona BR-163, perto de Campo Grande. No entanto, desde o começo do mês passado, só é possível contar com essas apreensões esporádicas daqueles que ousaram passar pelos postos policiais e, por azar, caíram na fiscalização feita de forma aleatória, já que é impossível contemplar os milhares de veículos que passam no local diariamente. O governo apenas comprova o que todos já sentiam: completo descaso com a segurança pública e, principalmente, com a vigilância na região fronteiriça com Paraguai e Bolívia.
A história de “fechar a fronteira” e ampliar vigilância já virou lenda. As providências ficam apenas nos debates de reuniões ou nas promessas, intensificadas durante o período eleitoral. O governador Reinaldo Azambuja esteve no dia 31 de julho reunido com o presidente Michel Temer e, novamente, não foi possível sair do patamar de planejamento. Pior, parece que os planos e estudos estão apenas começando. Pasmem, o presidente limitou-se a garantir envio de representante a Mato Grosso do Sul para avaliar a situação e discutir um plano de ação das Forças Armadas em nosso Estado”. Será que ainda não sabem dessa fragilidade que abala a segurança do País? Espera-se que essas análises já tenham sido feitas quando houve a implantação do Sisfron, projeto milionário e futurístico que está longe de sair do papel.
Por enquanto, os resultados das ações do governo federal são comemorados apenas pelos traficantes.