Os sem-terra, que ficaram em segundo plano nesta década e na década passada, devem voltar a ser os protagonistas da disputa por terras em Mato Grosso do Sul.
A temperatura no campo está aumetando, e não estamos falando de fenômenos climáticos. Na edição de hoje, o leitor poderá ver como grupos de sem-terra estão se movimentando na região sul do Estado. Nos planos, está a criação de novos acampamentos e até mesmo a invasão de propriedades rurais.
Os sem-terra, que ficaram em segundo plano nesta década e na década passada, devem voltar a ser os protagonistas da disputa por terras em Mato Grosso do Sul. Nos anos 1990, foram dezenas as operações para desocupar fazendas invadidas, com vários confrontos violentos entre milícias contratadas pelos fazendeiros, policiais e os próprios sem-terra.
Reportagem publicada nesta edição mostra como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) está se organizando para retomar o debate sobre reforma agrária. Ao que tudo indica, a paz – ou trégua – dos últimos anos está perto do fim.
A cidade escolhida pelos sem-terra é nada menos que Caarapó, município que também tem sido sede de confronto violentos entre índios e fazendeiros. No mais recente deles, houve indígenas mortos e proprietários rurais presos pela Polícia Federal.
A Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) já está monitorando os movimentos do MST. O que se espera das forças de segurança é o tratamento igual a todos. Na semana passada, por exemplo, aproximadamente 150 policiais militares foram deslocados para Aquidauana para expulsar índios que ocupavam uma fazenda naquele município. Outros proprietários rurais que têm seus domínios ameaçados, entretanto, não tiveram o mesmo tratamento dos policiais.
Esperamos que as autoridades da área de segurança dediquem aos proprietários que têm suas terras ameaçadas pelos sem-terra o mesmo tratamento dispensado a outros donos de fazenda. Das forças de segurança e do Poder Judiciário, o que se espera é que exista ordem e respeito às leis. Por outro lado, o poder público deve acenar com políticas de incentivo aos pequenos produtores. A política agrícola de um país não pode se pautar em apenas cinco produtos: soja, milho e carnes bovina, suína e de frango; existem muito mais possibilidades além destas culturas. Também esperamos que no campo haja ordem e paz: só assim se produz mais e se convive harmonicamente.