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Confira o editorial desta quarta-feira: "Repensando a mobilidade"

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Em Campo Grande, a discussão da mobilidade urbana é algo urgente. A revisão do plano de mobilidade já está prevista para acontecer no ano que vem, mas deveria ser ainda mais rápida.

A velocidade – para várias situações da vida cotidiana, em diferentes setores – é uma das características mais marcantes deste século 21. Já era esperado que o mundo se transformaria mais rapidamente no fim do século passado, mas todos os que já eram jovens ou adultos na década de 1990 não imaginavam que o mundo – a cada dia – ficaria diferente não somente naquelas pequenas mudanças que todos já estavam acostumados, mas que as alterações de comportamento e de relações interpessoais e institucionais teria impactos estruturais.

Não é nenhum exercício de suposição afirmar que o aprimoramento da inteligência artificial foi o responsável pelas mudanças de comportamento das pessoas, fato que também pressionou mudanças na forma de administrar o Estado. As ferramentas tecnológicas de comunicação criaram vários tipos de pressão nos governantes, como por maior participação democrática. A presença recorde nas eleições para conselheiros tutelares – algo que sempre ocorreu da mesma maneira: com pouca participação popular – é um exemplo. Greve dos caminhoneiros, protestos de 2013 e movimentos internacionais como o Occupy Wall Street e Primavera Árabe, ambos com início na década passada, também foram determinantes para mostrar o anseio de uma democracia mais direta, que atenua os conceitos de representatividade.

As ferramentas tecnológicas também provocaram uma revolução no transporte e na mobilidade. Entre cidades e entre países, o deslocamento de pessoas nunca foi tão grande. Empresas aéreas do tipo low cost (em que, por causa do custo operacional baixo, as passagens são comercializadas com preço mais acessível) se proliferaram. O movimento de pessoas em aeroportos e em estações de trem, de metrô e de ônibus aumentou consideravelmente.

No transporte urbano as pessoas também querem mais participação e também desprezam as formas convencionais de transporte coletivo. Aplicativos de transporte e de entrega ocuparam espaço que antes era dominado por ônibus e transporte coletivo.

Em Campo Grande, a discussão da mobilidade urbana é algo urgente. A revisão do plano de mobilidade já está prevista para acontecer no ano que vem, mas deveria ser ainda mais rápida. Nesta edição, mostramos que o município, enfim, vai desengavetar um projeto de 2012. Se isso for bom para a população, ótimo. Mas, de lá para cá, muita coisa mudou. A cidade, por exemplo, tem vias largas e expressas em que os ônibus não circulam e vias estreitas e movimentadas em que eles disputam espaço com os automóveis.

O plano de mobilidade de Campo Grande foi pensado há várias décadas. Nesse tempo, o comportamento das pessoas mudou, assim como o local de trabalho de muitas delas e as suas formas de se locomover. É urgente que as autoridades e toda a sociedade – literalmente – se movimentem.