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Confira o editorial desta quarta-feira: "Por uma melhor gestão"

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Uma boa renegociação das altíssimas dívidas, permitiria que a Santa Casa melhorasse sua situação financeira, a aplicação dos recursos públicos que recebesse. A Câmara deu seu alerta.

Organização e boa gestão são elementos essenciais para qualquer pessoa física ou jurídica. Isso é pacífico, a vida cotidiano e o Direito provam isso. Quando alguém gasta mais do que se arrecada, a ruína financeira é certa. É um fato que comprova qualquer argumento e contexto.

É claro que de uns anos para cá, o combate à desigualdade também foi incluído no debate sobre a gestão financeira. Mas do que não se pode fugir, são das contas. O ditado popular norte-americano é mais do que claro: não existe almoço grátis. Mesmo quando se faz caridade, alguém está pagando a conta, ou alguém está doando ou fazendo uma contribuição.

Na vida pública e nas fundações, a máxima que impera entre os gestores, ainda não está tão consolidada como na vida privada de pessoas e empresas. Talvez porque a lei e os aplicadores dela, sejam mais severos contra estes últimos do que contra os primeiros. Infelizmente, quem paga a conta - literalmente - por ações que podem ser caracterizadas como má gestão de recursos públicos é a população, e aí, são os que mais precisam que indiretamente, sofrem as consequências duas vezes: por maus serviços prestados, e por terem de bancar com o pagamento de impostos, os recursos que são mal aplicados.

Nesta edição voltamos a mostrar para nosso leitor, um exemplo de gestão questionável. E este questionamento, desta vez, parte de comissão especial formada pela Câmara de Vereadores de Campo Grande, que nos últimos dois anos, analisou relatórios contábeis, balanços e outras investigações envolvendo o uso de recursos públicas pela Santa Casa. O resultado deste trabalho o leitor poderá conferir nesta edição e, a julgar pelas palavras dos próprios parlamentares do município, o hospital está a beira da falência.

É importante que o trabalho de investigação feito pelos vereadores seja avaliado com muito rigor pelo prefeito Marcos Trad (PSD), afinal, é o município o gestor dos recursos públicos da Saúde e, por ano, entre verbas municipais, estaduais e federais, a Santa Casa recebe pelo menos R$ 294 milhões pelos atendimentos bancados pelo poder público. O curioso é que o passivo circulante e não circulante tem um valor muito próximo do total das receitas anuais oriundas de repasses públicos. As dívidas com bancos ultrapassam a casa das centenas de milhões de reais e, algumas delas, contratadas aos juros altos praticados outrora poderiam ser renegociadas em condições mais favoráveis dos dias atuais. Vale lembrar que estamos em um período com a menor taxa de juros da história, e que os bancos estão abertos para a renegociação de dívidas. 

Certamente, o valor que o hospital economizaria com a rolagem das altíssimas dívidas, poderia ser usado para reduzir ainda mais o saldo devedor e saneá-lo financeiramente, ou mesmo, aumentar os atendimentos. Os vereadores estão corretos em cobrar uma melhor gestão dos recursos e mais transparência na aplicação deles, pois apesar de não se tratar de um hospital público, é majoritariamente das verbas da União, Estado e Prefeitura da Capital, que a Santa Casa se mantém.