Depois de uma eleição em que ficou nítido o clamor da população por mais ordem, é o momento de começar a reorganizar a sociedade por meio do trânsito.
Uma das maneiras de aferir a organização de uma sociedade é observar como as pessoas se comportam no trânsito. Da mesma forma que, para o corpo humano, as veias, as artérias e os outros vasos sanguíneos são fundamentais para manter o ser vivo, as vias públicas cumprem esse papel em um ambiente urbano. Em ambos os casos, o fluxo deve ser contínuo e ordenado, para que exista harmonia no funcionamento perfeito da cidade ou da pessoa.
A julgar pelas estatísticas da Agência Municipal de Trânsito de Campo Grande (Agetran), há um problema no trânsito da Capital: o aumento no número de mortes. Certamente, sintoma de uma desordem que precisa ser corrigida urgentemente. Enquanto em todo o ano de 2017, 70 pessoas morreram nas vias públicas de Campo Grande, faltando pouco menos de dois meses do fim deste ano, 73 pessoas já perderam a vida em acidentes de trânsito na cidade.
As vítimas, em sua maioria, são condutores ou passageiros de motocicletas. Há também números consideráveis de pessoas que morreram em situação em que existe a suspeita de ingestão de bebida alcoólica. Especificamente no caso dos motociclistas, é preciso um rigor ainda maior na fiscalização. A Polícia Militar já ajustou seu foco nesse tipo de condutor, mas, aparentemente, está enxugando gelo. Para cada motocicleta apreendida em situação irregular, parecem surgir outras duas em condições semelhantes.
Uma sugestão para a PM e para a Agetran, para dar mais efetividade à prevenção de acidentes, seria intensificar as fiscalizações no período noturno, em que ocorre boa parte das mortes, e não à luz do dia, quando a predisposição dos condutores em não obedecer as leis de trânsitos é menor.
Neste segundo semestre, a Prefeitura de Campo Grande, enfim, passou a sinalizar melhor as vias do Centro e também algumas avenidas importantes na ligação com os bairros. Mas é preciso mais. Quando há sinalização horizontal e vertical nas ruas, motoristas e pedestres conseguem entender mais facilmente as regras do trânsito.
Depois de uma eleição em que ficou claro o clamor da população por mais ordem e respeito às leis, é o momento de começar a organizar a sociedade por meio do trânsito. Obrigando os cidadãos a respeitar as regras existentes, é possível poupar mais vidas.