Para o município, um hospital sob sua administração também significaria mais responsabilidade na gestão da média e alta complexidade.
A prefeitura de Campo Grande caminha para uma solução que pode ser um marco na história da cidade, que se aproxima dos 120 anos. Depois de várias tentativas de melhorar o atendimento no setor de saúde e ampliar a oferta de leitos em outras unidades, o município, enfim, parece que criará seu hospital municipal.
A medida se justifica pela alta quantia que a prefeitura gasta com convênios com a rede privada ou beneficente. Vejamos o exemplo da Santa Casa. O maior e mais tradicional hospital da Capital consome, nada menos, que aproximadamente R$ 300 milhões por ano em recursos públicos. Trata-se de um valor considerável. A título de comparação, a quantia seria suficiente para pagar todos os servidores públicos do município por três meses consecutivos.
Por causa do altíssimo orçamento do hospital, com mais de 80% da receita originária do poder público, prefeitos, governadores e autoridades federais de saúde sempre foram naturalmente induzidos a interferir na gestão da Santa Casa. No início desta década, é bom destacar, ela ficou sob intervenção por quase sete anos.
Não é o caso de entrar no mérito sobre a maneira que a instituição de saúde aplica os recursos públicos, ou se União, Estado e município repassam em dia a quantia significativa pelos serviços prestados. A construção de um hospital municipal, certamente, seria saudável tanto para o poder público quanto para a administração da Santa Casa, pois, no mínimo, distensionaria uma relação que envolve altas quantias em dinheiro.
Para o município, um hospital sob sua administração também significaria mais responsabilidade. Não seria mais admissível, por exemplo, culpar a Santa Casa pela falta de leitos no sistema público de saúde.
Independentemente de o projeto do hospital municipal avançar ou não, é importante que a Prefeitura de Campo Grande reduza as filas e melhore o atendimento nas unidades de saúde. Se o trabalho for benfeito nestas bases, haverá mais tranquilidade para atender a média e alta complexidade.