As oportunidades existem, mas é preciso esforço e dedicação para alcançá-las. Assim também é com verbas públicas. Quem não procura, não consegue.
As relações cada vez mais efêmeras têm criado uma sociedade em que os poucos que conseguem ir além são muito notados. Quando falamos destas relações, não nos referimos apenas às interações entre indivíduos, mas também à relação entre as pessoas e a busca por conhecimento, ou mesmo sobre o interesse da sociedade em saber como as coisas funcionam.
Os que chegaram recentemente, e encontraram computadores funcionando, quase não escrevem com caneta e lápis, pois usam muito mais os teclados e as telas de monitores, tablets e smartphones. Os mesmos também frequentam muito menos as bibliotecas que os de outrora. Os buscadores, como o Google, ou enciclopédias virtuais colaborativas, como a Wikipédia, aparentemente contribuíram para reduzir a fixação do conhecimento.
De uma certa forma, o mundo ficou mais pragmático para algumas situações, como a operação de serviços bancários, por exemplo, e mesmo a compra de um ingresso ou de um produto sem sair de casa. Mas muito pragmatismo pode tornar o conhecimento mais efêmero, e trabalhos de pesquisa, mais cansativos. Para pesquisar, é necessário ir além.
Nesta edição, trazemos reportagem que mostra como o município de Campo Grande deixa de receber aproximadamente R$ 38 milhões por ano por não cumprir com alguns requisitos estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Nada muito complexo: algo que não deve ir além de pegar um edital, verificar suas exigências, reunir uma equipe e executar o que é pedido. É bom lembrar, sobre a tal complexidade citada há pouco, que ela só existe para os que não foram acostumados a buscar o conhecimento por meio de tarefas mais complexas e de mais resiliência.
Em meio aos muitos contingenciamentos do governo federal (um deles o corte nas bolsas de pesquisas), saber que existe uma verba significativa – R$ 38 milhões – disponível para o município, cuja liberação não depende da boa vontade dos governantes que estão na capital federal, soa como desperdício da administração por não aproveitar tal oportunidade.
O caso citado é apenas mais um entre os muitos projetos não utilizados por outros entes federativos. O mesmo vale para todos os cidadãos. Certamente, a prospecção de oportunidades no universo burocrático, seja da pesquisa, seja do poder público, não é algo muito prazeroso de se fazer. Mas o esforço sempre traz boas oportunidades.