Em 2019, o contribuinte de Mato Grosso do Sul já recolheu mais de R$ 10 bilhões em impostos, a maioria deles federais. O retorno de todo este esforço financeiro é mínimo.
Já caminhamos para quase seis meses de renovação de dois terços do Senado Federal, de toda a Câmara dos Deputados, das Assembleias Legislativas, e dos poderes Executivos da União e das 27 unidades da federação. O que se vê é um país refém da aprovação de um projeto que muda a Constituição Federal para reformar o sistema previdênciário. De que o país precisa mudar o sistema de pagamento de pensões e benefícios, isso parece ser uma pauta que é reivindicada há mais de quatro anos, e que agora, conforme muitos acreditam, tornou-se urgente.
O termo “refém”, é apropriado no momento, porque a aprovação do projeto, embora muito necessária, não pode ser negociada de forma dura com o Congresso Nacional, ao ponto de o governo federal continuar recolhendo os impostos dos que ainda continuam tendo capacidade de pagá-los em dia, e não oferecer nada em retorno no que se refere à liberação de verbas federais. Reportagem publicada nesta edição, mostra que só em Mato Grosso do Sul, os contribuintes já recolheram neste ano, pelo menos R$ 10 bilhões em impostos, sendo que a maioria tem os cofres federais como destino.
Enquanto o “impostômetro” vai às alturas, a retenção de recursos para projetos, muitos deles já aprovados, ou previstos em emendas orçamentárias, continua. Nos últimos seis meses, muito pouco do trabalho dos parlamentares locais, em termos de melhorar a vida cotidiana dos sul-mato-grossenses, como a liberação de recursos, mais ações em saúde ou educação, foram divulgadas. Nem governistas, nem oposicionistas. Nenhum deles parece ter muito êxito quando se trata de ações concretas para melhorar a vida da população e o ambiente econômico.
Desde janeiro, o governador Reinaldo Azambuja já foi mais de uma vez por mês para Brasília, em busca de recursos federais, ou pelo menos de condições efetivas para eles sejam liberadas. Sempre volta de lá com promessas, nunca com verba garantida. Recursos da cessão onerosa do pré-sal? Só em setembro. Alterações na Lei Kandir (que isenta exportações de produtos primários de recolher ICMS - um imposto estadual)? Não passaram de promessa, tanto o pagamento das compensações, como a volta deste tipo de tributação.
Em meio a todo este cenário, de pagamento de impostos, retenção de verbas, e esperança de economizar recursos com a reforma da Previdência para voltar a investir, a cada semana, as previsões de crescimento da economia são revisadas para baixo. Pudera. O que faz a economia crescer é o movimento, é a circulação de dinheiro, são os novos negócios sendo fechados. O cenário não é nem um pouco otimista. Pelo contrário, estados têm medo de não resistir pagando salários em dia até o fim do ano. Nas ruas, a população não vê crescimento, não vê obras, presencia muito poucas ações que inspire dias melhores. É hora de todos os nossos representantes agirem.