Servidores do Hospital Regional e a administração estadual estão em uma guerra interminável, em que o maior prejudicado é o paciente.
Os incontáveis problemas por que passam a saúde pública brasileira são fatos inquestionáveis. Não é de hoje, muito menos de ontem, nem tampouco de dias atrás. Há décadas que os hospitais, os postos de saúde e qualquer outra unidade que preste assistência à saúde com verbas públicas acumulam filas que se perdem de vista, seja a olho nu, seja mesmo nas imensas listas de espera que têm nomes aos milhares.
Parece que os hospitais públicos pararam no tempo, a julgar pela alta demanda por atendimento. Em alguns casos, a situação, em vez de melhorar, piorou. Este é um retrato que a maioria dos brasileiros pode presenciar, basta deslocar-se a qualquer posto de saúde ou hospital para presenciar o drama.
Se o problema da saúde pública é de difícil solução, o interminável impasse pelo qual passa o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, um dos maiores de Campo Grande, é de solução quase impossível. Em um primeiro momento, os problemas de lá são iguais aos de outras unidades, mas um olhar mais aprofundado percebe que o local vive uma interminável guerra, travada entre servidores e administração pública, em que o maior prejudicado é o paciente.
No domingo (8), um elevador parou de funcionar e pacientes tiveram de ser transportados pelas escadas. Há alguns meses, o local enfrentou problemas não somente no fornecimento de medicamentos básicos, mas, pasmem, até mesmo das refeições a que os pacientes têm acesso. Faltava tudo isso.
O governo do Estado contratou neste ano o Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, uma das maiores referências não somente em tratamento, mas também em gestão hospitalar, e o resultado da consultoria leva para um choque de gestão no Hospital Regional. Uma das alternativas em estudo – há muito tempo, diga-se de passagem – é a de entregar a gestão do local para uma organização social de saúde (OSS). Ocorre que há uma forte resistência, de mais de 2 mil servidores que trabalham no hospital.
O Hospital Regional, ultimamente, parece com times de futebol que têm bons jogadores e bom treinador, mas ambos não se entendem. O resultado: um péssimo desempenho. Atualmente, o HR é uma “ilha” na saúde pública de Campo Grande: tem feito pouca diferença no sistema de regulação de vagas de alta e média complexidade e tampouco atenuado o problema do primeiro atendimento, nos postos de saúde e unidades de pronto atendimento.