A Engepar tem, hoje, as duas principais obras em andamento na Capital, não está dando conta de uma e ainda quer a Parceria Público-Privada do asfalto.
A Engepar Engenharia ainda não apresentou os motivos que a levaram a pedir aditivo para a obra do Reviva Campo Grande. O valor nem sequer foi definido, conforme reportagem de ontem do Correio do Estado – o que chama atenção, uma vez que se pede dinheiro antes mesmo de saber de quanto precisaria –, mas sabe-se que, por regra, pode passar de R$ 12 milhões, o que corresponde a 25% do contrato, valor substancial para uma obra que foi iniciada há apenas nove meses. Além da falta de transparência, vê-se claramente a má aplicação do dinheiro público – por praticamente todo o trecho da 14 de Julho há algum tipo de trabalho sendo refeito para corrigir falhas. Essa realidade fez cair por terra a promessa de que o trecho da Avenida Fernando Corrêa da Costa serviria de testes para todas as correções necessárias. Não foi.
Assim como a promessa da Engepar de que esta seria uma obra simples caiu por terra, levando consigo a projeção praticamente utópica de entregar a obra bem antes do prazo. Enquanto isso, comerciantes continuam agonizando sem nenhum tipo de ajuda. De todos esses fatores, no entanto, ainda é o pedido de mais dinheiro o que causa mais indignação. Essa postura da empresa deixa claro que, para vencer a concorrência, jogou valor abaixo do mercado, já contando com a possibilidade de aditivos para completar o recurso. Inicialmente, a obra do Reviva Campo Grande havia sido orçada em cerca de R$ 58 milhões. A Engepar venceu o processo licitatório com o menor preço, R$ 49 milhões, e agora, antes mesmo de um ano de execução, já se prepara para pedir mais recursos. O desrespeito com o dinheiro público chegou a tal ponto que nem mesmo o valor correto do pedido foi apresentado ainda, muito menos as planilhas para justificar tal necessidade, se é que existe.
Contraditoriamente, a construtora, enquanto pede mais dinheiro para a obra do Reviva Campo Grande, se prepara para brigar por outro grande projeto, o da Parceria Público-Privada do asfalto. A construtora, importante frisar, já está à frente das obras da Ernesto Geisel e foi a vencedora da licitação para a construção do corredor de ônibus da Bandeirantes, outro projeto milionário que deve sair do papel. Com isso, não é errado dizer que a Engepar domina as grandes obras públicas de Campo Grande. Quem paga caro por esse “monopólio” do setor é o município e a população, que ficam reféns da construtora, seja na hora em que esta solicita aditivos, seja em casos de desistência do projeto. Daí a importância de um contrato mais rígido – exigindo, por exemplo, punições mais severas para estes casos – e também de pulso firme na hora do seu cumprimento. Nada adianta se as exigências ficarem apenas no papel. É dinheiro público que vai pelo ralo quando há negligência na fiscalização do poder público. Porém, por aqui, quem deveria fiscalizar esses abusos parece viver em outro município. Onde estão os nossos nobres vereadores para cobrar da empresa um posicionamento e também para lutar pelos empresários daquele local? Será que o Ministério Público Estadual não investigará esse pedido de aditivo feito em tão pouco tempo, em um período em que a inflação tem tido poucas variações e sem que houvesse um grande desastre nacional? Até mesmo instituições ligadas ao comércio, como Associação Comercial, Fecomércio e Sindicato dos Empregados no Comércio, parecem ter fechado os olhos para a irresponsabilidade com que esta obra está sendo executada.