Enquanto nenhum plano sai do papel, traficantes continuam fazendo uso da liberdade que o governo brasileiro lhes oferece.
Provavelmente enquanto você estiver lendo este texto, mais uma grande quantidade de drogas, maconha ou cocaína, esteja sendo transportada pelas rodovias de Mato Grosso do Sul rumo a grandes centros consumidores nas regiões Sudeste e Sul do Brasil, e também em outros países, sobretudo os do continente europeu.
As apreensões quase diárias de entorpecentes em nossas rodovias constituem uma pequena amostra do que é retido pelos policiais que ainda fazem o trabalho de conter a ação dos traficantes. Trabalho que deve ser duplamente reconhecido, pois é feito em meio a um sem número de dificuldades como baixo efetivo, infraestrutura deficiente e valorização quase zero pelo cumprimento de suas obrigações.
Edição de ontem do Correio do Estado dá uma pequena amostra deste trabalho incansável de policiais rodoviários federais e do Departamento de Operações de Fronteira (DOF). No último fim de semana, foram 2,3 toneladas de maconha apreendidas. Na edição de hoje, noticiamos outra apreensão, de 1,7 tonelada do mesmo entorpecente. Em todos os casos, os traficantes fugiram, e a grande quantidade de droga transportada foi retida. O mesmo tem ocorrido com grandes carregamentos de cocaína, cada vez mais frequentes nas rodovias sul-mato-grossenses.
Também chama atenção nas últimas apreensões a grande quantidade de droga colocada em pequenos veículos. São carros pequenos “abarrotados” de tabletes de maconha, sem qualquer disfarce. Para interceptá-los, basta estar com sentidos como visão e olfato em perfeitas condições. Possivelmente, a facilidade para o cumprimento de suas missões influencie a ousadia dos criminosos.
As autoridades, federais e estaduais, por enquanto, mantêm as mesmas promessas de quatro anos atrás: aumento do efetivo de policiais na região, instalação de recursos tecnológicos para combater o tráfico, como monitoramento por satélite, scanners de veículos e melhoria nas comunicações, além de reforço estrutura, como a compra de mais viaturas.
Com exceção da aquisição de viaturas em 2014 para atuação exclusiva na faixa de fronteira, nenhuma das promessas dos governos estadual e federal foi cumprida nos últimos anos. As reuniões destas autoridades, porém, foram muitas. Quase todas sem nenhuma resolutividade.
O Plano de Segurança na Fronteira, elaborado pelo então vice-presidente Michel Temer, no governo de Dilma Rousseff, foi engavetado pelo agora presidente, Michel Temer. A promessa é de lançar em breve outra iniciativa, que contenha parceria com forças policiais e militares de outros países, e com maior engajamento de agentes federais brasileiros.
Enquanto nada sai do papel, os traficantes seguem fazendo uso da liberdade que o governo brasileiro lhes oferece. Vão e vêm, com quase nenhuma restrição imposta pelas autoridades policiais. A não ser pela brava e heróica fiscalização feita pelos lobos solitários de forças como Polícia Rodoviária Federal, DOF e Polícia Militar.