Em uma região que, em duas décadas, recebeu pouco investimento de infraestrutura urbana e paisagismo, seja qual fosse a obra promovida, mereceria comemoração. No caso da região central de Campo Grande, a iniciativa de revitalizar o “coração” da cidade foi digna de aplausos quando foi lançada, em 2012.
Instituições respeitadas em todo o mundo, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), estão entre os que foram convencidos pelo projeto apresentado pela prefeitura da Capital, tanto que este banco emprestou US$ 56 milhões para financiar a transformação da área.
Na época em que o projeto foi aprovado, os festejos foram muitos; os elogios, quase unânimes; e as expectativas, as melhores possíveis. Nesta trajetória, houve o comprometimento dos comerciantes, que fizeram a parte que lhes cabia e, diga-se de passagem, bem antes do poder público.
Foram eles que retiraram os escandalosos letreiros gigantes (de muito mau gosto) e reformaram suas fachadas para mostrar a verdadeira cara da região. Houve um custo para isso, e ele não foi baixo. O dinheiro saiu do bolso dos empresários.
No longo hiato compreendido entre os anos de 2013 e 2018, nada foi feito, até mesmo porque era a vez de a prefeitura cumprir seus termos no acordo e, como quase todos sabem, eficiência é algo muito raro em alguma administração pública. A esperança, porém, sempre foi mantida.
Até mesmo os comerciantes do Centro – que neste período perderam mercado para a concorrência nos bairros e em centros comerciais, como os shoppings – estavam ávidos por mudanças. No ano passado, quando os milhões de dólares do BID foram, enfim, liberados, não só os lojistas, mas praticamente todo os moradores de Campo Grande viram com otimismo a transformação, ainda que tardia, da região.
Em maio, quando as obras do Reviva tiveram início, os outrora esperançosos e animados empresários passaram a ficar em alerta. Perceberam que os impactos negativos durante o período de execução das obras seriam inevitáveis. Cientes de que perderiam dinheiro, cobraram ações de mitigação de danos por parte do município e, muito mais importante do que isso, celeridade na execução do projeto.
Porém, quase cinco meses depois de o início dos trabalhos na Rua 14 de Julho, nenhum trecho de pista foi liberado, a circulação de consumidores na via continua comprometida e não há uma data confiável para a conclusão das obras, inclusive porque os adiamentos no cronograma são frequentes. Na quinta-feira (20), os comerciantes da região, já sem paciência, protestaram, e com razão.
Cabe ao município atender à reivindicação dos lojistas e, consequentemente, acelerar os trabalhos no canteiro de obras.