Quem passa pela Avenida Afonso Pena, em Campo Grande, e olha para a obra paralisada do Aquário do Pantanal, tem uma primeira reação negativa, seja esta pessoa apoiadora do projeto, ou não. Esta reação se fundamenta, sobretudo, na incapacidade do poder público brasileiro em concluir seus empreendimento. Infelizmente, um projeto inédito e que pode gerar muita renda para o município e para o estado, por ter o trabalho de conclusão suspenso, tornou-se um símbolo da ineficiência das máquinas administrativas país afora.
Ontem, porém, um novo capítulo deste parte triste da história do Aquário do Pantanal começou a ser virado. A retomada da obra foi anunciada pelo secretário estadual de Infraestrutura e vice-governador, Murilo Zaiuth (leia reportagem nesta edição) e, se todas as licitações abertas correrem conforme previsto, o trabalho efetivo no canteiro de obras será retomado em setembro e o empreendimento será concluído no ano que vem.
Todos sabem que um empreendimento deste, ao ser concluído, terá custado muito mais que R$ 200 milhões, o que não é pouco. A obra que deveria ter sido concluída em três anos levará quase uma década para ficar pronta (se tudo correr como planejado). Os que não simpatizam com o projeto, tem seus motivos. Mas, favorável ou contra, algo não é possível negar: é uma obra única, inédita e que poderá gerar muita receita para o município de Campo Grande, para o Estado de Mato Grosso do Sul. Empregos, ainda não calculados, também serão gerados aos montes.
O Consórcio Cataratas, que venceu a licitação para administrar o Aquário do Pantanal, é o gestor das atrações brasileiras mais conhecidas no exterior. Estamos falando do Parque Nacional da Tijuca, onde está localizado o Cristo Redentor, do Parque Nacional do Iguaçu, cuja principal atração são as Cataratas do Iguaçu, e o Parque Nacional Natural do Arquipélago de Fernando de Noronha, no Oceano Atlântico. O poder que esta empresa tem no trade turístico mundial é imenso, e a capacidade de integrar não só o aquário, mas as atrações naturais de Bonito e do Pantanal em seus roteiros oferecidos em outros países, é real.
Com turistas não só de Campo Grande ou Mato Grosso do Sul, mas sobretudo de outros estados brasileiros e países, a capital do Estado definitivamente entraria em uma rota de visitação. Certamente setores de alimentação e hotelaria ganhariam muito com isso. Geração de emprego e de receitas com impostos, recursos que, talvez, sejam suficientes para construir outras obras que muitos prefeririam no lugar do Aquário do Pantanal, como hospitais e escolas.
O Aquário do Pantanal será muito mais que um centro de pesquisas. Será um lugar a ser conhecido. Até quem não se empolga com a ideia, terá curiosidade de conhecê-lo quando ficar pronto. A julgar pelo projeto e pela mão de obra envolvida, certamente o empreendimento de outros aquários pelo mundo, como os de Sevilha, na Espalha, o Oceanário de Lisboa, e os aquários de San Diego e Chicago, por exemplo. Para se ter uma ideia: a empresa norte-americana que fez os acrílicos de todas estas atrações, é a mesma que atua na obra em Campo Grande.