Penso que aquele que tenha um espaço para manifestar sua opinião deva fazê-la com cuidado e critérios e que a sua manifestação possa contribuir, sob alguma forma, para o tema a que se propõe, e que seja para receber as críticas tanto de elogios ou de contrariedade ou até mesmo para não receber nenhuma intervenção. Faz parte. Há muitos anos escrevo para a coluna “Opinião” desse importante jornal o Correio do Estado, que chega a todos os lugares do estado, do País e do mundo, através de sua edição impressa e a digital. Acompanho há muitos anos a luta desse valoroso órgão de nossa imprensa e por coincidência, temos a mesma idade, sendo o jornal um pouquinho mais velho do que eu. Nasceu em fevereiro e eu em setembro de 1953. Estamos na melhor idade. Nesses anos todos não tive cem por cento dos meus escritos publicados, mas tive muitos, a maioria, e respeito plenamente isso, pois o jornal tem que ter mais cuidado que eu, o que não isenta minha responsabilidade no que eu escrevo.
Hoje quero escrever sobre a bagunça administrativa que se instalou em nosso País nos últimos anos. Quem nunca se enervou diante de tanta burocracia para abrir uma empresa? Quem nunca se aborreceu para registrar um B.O., o boletim de ocorrência numa delegacia de polícia para registrar uma queixa? E as filas nos centros de Saúde, nas escolas para matricular o filho? Os ônibus coletivos atrasados e lotados? Tem muito mais, mas o espaço é curto, então quero escrever sobre a pior bagunça, àquela que reflete diretamente no cotidiano do povo brasileiro, que machuca mais do que enfrentar uma fila grande ou descaso numa delegacia, etc., que é a discrepância entre o entendimento do princípio que reza que “O interesse público prevalece sobre o privado”. Numa análise preliminar, é evidente que é isso mesmo. Claro.
Não pode a vontade individual prevalecer sobre a vontade da maioria. Contudo, será que é correto estabelecer tantas vantagens, tantas mordomias, tantas diferenças para os que detêm o controle do que seja “interesse público”. Falo do poder “supremo” de onze seres mortais que definem quase de tudo da vida de 200 milhões de pessoas e ninguém pode contestá-los. Refiro-me aos quinhentos e treze privilegiados que gozam do bom e do melhor, sem jamais se submeterem às crises econômicas que o País vive. Somam-se a esses mais oitenta e um, que legislam o que bem entendem, sempre pensando primeiro na sua reeleição e economia particular, depois no coletivo. E tem o governo central, que é o maior detentor do que se propaga como “Interesse Público”.
O interesse público não é supremo nem o é o maior tribunal de justiça do Brasil. Supremo, só o Criador. Também o Congresso Nacional não pode ser classificado plenamente como a casa do povo. Quem acredita de fato nisso? Quando se usa o princípio do interesse público para estabelecer nos aeroportos uma passagem exclusiva para “os onze” e milhares sofrem nas filas todo tipo de constrangimento, podemos chamar isso de interesse público? Quando o salário é de 39 mil e trezentos reais e o “privilegiado” recebe também mais de 200 mil reais para custear a “atividade parlamentar”, essa indecência pode ser de interesse público? Por exemplo, não existe limite para despesas médicas, tratamento de saúde, etc. O espaço não dá para registrar todas as mordomias, todas as benesses que gozam os “detentores do controle do interesse público sobre o privado”? Uma vergonha! Por isso, por muito mais, profetizo a necessidade urgente de uma entropia negativa no Brasil. A Entropia, por ser espontânea, segue o princípio da natureza e é irreversível, pois esperar que o povo reverta esse estado é impensável. Chega da Entropia positiva. Precisamos da Entropia negativa. Urgente. Deixo ao nobre leitor o trabalho da pesquisa do conceito de Entropia. Acho que vai concordar comigo!