Não faz nem três meses, dois jovens saudáveis, inteligentes, normais e aparentemente sem nenhum grande problema que pudesse demonstrar gravidade de risco às suas tenras vidas, suicidaram-se em Campo Grande. Eu os conheci. Agora, pensem, se até eu que era apenas um conhecido deles ainda me entristeço, imaginem seus familiares, amigos e quem conviveram com eles?
Um deles escolheu o dia do aniversário de 15 anos, para enforcar-se em plena dependência de sua casa, num momento em que se encontrava só. O outro jovem, 20 e poucos anos, não suportou o fim do namoro e, com a coleira do seu melhor amigo, matou-se. E assim se vão tantos outros casos de suicídios aqui em Campo Grande, no Estado, no País e no mundo. Na maioria dos casos, nunca se encontra uma explicação plausível para isso.
As teorias se sucedem e se diversificam. Numa hora se aponta a doença para o suicídio, noutra nem tanto. A verdade é que nós nunca conseguiremos entender o suicídio como doença, a partir do fato, por exemplo, quando se diz que quem se suicida não sabe o que faz nem está no seu melhor juízo, e vemos uma pessoa dotada de grandes talentos, sem nenhum problema de ordem econômica, saúde, sentimental, psicológica etc., que convive conosco no dia a dia, e, após estar sorridente ao nosso lado num instante, no momento seguinte tira sua vida, sem nenhum motivo iminente.
Se o suicídio parte de alguém que possui uma doença terminal, graves problemas familiares, financeiros, psiquiátricos, etc, uma desculpa lógica, ainda que errônea, induz a uma pseudojustificativa, embora, a morte nunca seja a melhor maneira de resolver algum problema na vida.
O suicídio é um grande equívoco do homem, pois a morte é uma deferência reservada a todos os seres humanos, indistintamente, sem regalia a nenhuma classe. Ela é democrática ao extremo, em que pese a forma que ela escolha para se mostrar e agir. Então por que se suicidar?
Por mais paradoxal que sejam as razões do suicídio, o fato é que é demasiado lamentável, seja qual for o motivo, o fim da vida pelas próprias mãos, principalmente de jovens. Um desperdício total e incalculável, pois nenhuma riqueza do mundo vale uma vida humana. Um jovem que se mata reduz a chance de melhora do planeta. Uma vida jovem que se perde empobrece nosso cartel de descobertas, de progressos, de aprimoramento da vida humana.
Quantos jovens o mundo perde entre os mais de 800 mil (dados da OMS) suicídios anuais no mundo? A cada 40 segundos, uma pessoa se suicida no planeta e isso nem parece uma estatística terrível, a um mundo de gente cada vez mais insensível e desumana.
Eu conheci muitas pessoas que se suicidaram. Entre todas elas, nunca vislumbrei efetivamente os motivos de seus tresloucados gestos, todavia, os dois personagens a quem me referi no início desse artigo nunca me sairão dos pensamentos, pois eles, efetivamente, representam toda a ansiedade e a inquietação que manifesto pela preocupação e cuidado com a trajetória da vida dos nossos jovens. Nunca, senhores pais, imaginem que seus filhos, por terem tudo, estarão livres do mal!
Jovens, desconfiem que o suicídio seja a solução para algum problema, pois a morte pode ser o começo de muitos outros, piores, talvez!