Ele morreu em 15 de abril de 1865 e é o autor da célebre frase “a democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo”, tão repetida pelo mundo fora, em todos os cantos do planeta, desde os anos de 1860 até os dias de hoje, sem parar. Abraham Lincoln defendia os direitos de todos, inclusive dos humildes e mais fracos, e chegou até a presidência do maior país do mundo com seu discurso e ideia de igualdade. Morreu assassinado, e sua morte foi ocasionada justamente pelas suas convicções políticas. Mais de 140 anos depois de sua morte, com todo respeito que devo ao grande político americano, tomo a liberdade de lhe perguntar no além ou onde estiver o grande homem: onde e quando o senhor viu essa democracia que nos falou? Em que lugar isso aconteceu, querido presidente? Aqui no Brasil, nunca vimos e, para ser sincero, ao pesquisar a história do mundo, também é difícil imaginar onde tenha havido, de verdade, na história humana, um governo de realmente do povo, pelo povo e para o povo.
Talvez tenha ocorrido por aí, nesse mundo tão grande, de alguns governos se aproximarem disso, mas nunca, jamais, houve efetivamente o povo no poder num governo e isso, certamente, não lhe fez (o povo) o governo dele e para ele.
Demagogia rima com democracia. Andam juntas e povo nenhum possui a sabedoria e nem a força para separá-las. São irmãs gêmeas siamesas. Pode ser até mesmo que o povo goste disso, se a gente for considerar tantas imbecilidades aceitas pela humanidade a se ver subjugada por tantas tiranias imbecis, malditas e inexplicáveis de homens cretinos, falsos líderes e seus seguidores na história humana sem se revoltar e aceitar passivamente. A demagogia em nome da democracia se solidificou nesses milhares de anos da história dos sapiens e não são poucos os exemplos de políticos, na busca incessante dos votos que precisam para se manter no poder, que se utilizam de expedientes extremamente incoerentes e inviáveis, do ponto de vista de sustentabilidade social ou lógico inquestionável.
Por exemplo, quando o político pega no colo uma criança numa favela, abraça-a e a beija, todos sabem que isso é maior demagogia, a maior falsidade; que ele só o faz em busca dos votos da comunidade. Verdade? Sim! Ocorre que essa encenação é nada perto do que ele pode fazer se detiver o poder. Imaginemos que o mesmo político que beija e abraça, de repente, tenha a ideia de levar àquele povo humilde que ali reside para passar um dia no palácio do governo e, para isso, submeta todos os seus assessores, servidores e asseclas ao seu desejo popular. Muito bonita a intenção, apesar da revolta dos assessores. O povo vibra, curte, imagina, olha, sente, mas sabe que ali não é o seu lugar, pois não tem o costume e nem se sente bem onde nunca teve um ambiente.
O povo não é governo. O povo é governado. A felicidade não é estar em um dia num palácio. Ser feliz se pode até num simples casebre – depende do estado de espírito e do pão farto. As classes sociais sempre existiram desde que o Homo sapiens descobriu como se destacar – socialmente, financeiramente, produtivamente, e uns escolheram ir adiante mais que os outros, apesar de que possam existir exceções nessa jornada, muito embora todos os seres humanos sejam iguais e as oportunidades existam para todos, desde que queiram, de fato.
Podemos respeitar a cada um de nós, seres humanos, seus valores, suas diferenças, suas limitações e suas posses, sem com isso estabelecer separação em nossos objetivos finais e nos ajudarmos mutuamente. A verdadeira democracia significa saber que somos diferentes enquanto humanos, porém, sem ser mais ou menos um do que outro. Uma pior e cruel verdade que a lei criou é dizer que “todos somos iguais perante a lei”. Não somos. Somos todos iguais, sim; não perante a lei, e, sim, perante a quem nos criou. Colocar um monte de gente pobre, humilde, simples, em um castelo não os faz serem iguais. Isso é a demagogia da falsa democracia. A busca do voto.