Como engenheiro-agrônomo e professor, fico surpreso quando temos de informar à comunidade que os nossos alimentos e fibras são fontes de energia para o nosso bem-estar e qualidade de vida. Por sorte o destino nos favorece por vivermos em um país tropical, como na música, “abençoado por Deus”, que nos possibilita a produção de alimentos para no mínimo o dobro da nossa população. Destaque-se que em muitas das nossas cadeias agrícolas ainda somos ineficientes na agregação de valores aos nossos produtos e temos muito a evoluir nesse sentido.
A Associação Nacional de Adubos e Corretivos (Anda) coordena um grupo de profissionais das áreas agronômica e de comunicação denominado Nutrientes para a Vida (NPV), com o foco de esclarecer à comunidade que a qualidade dos produtos é o resultado do manejo adequado do solo (correção e adubação), das variedades melhoradas e do controle de pragas e doenças.
O desenvolvimento do agronegócio brasileiro é resultado de tecnologias, dos avanços do ensino, da pesquisa e da extensão no setor agro. Quem não se recorda dos cerrados antes dos anos 70? E hoje, com manejo adequado, são referência mundial na produção de grãos, fibras e energia. Precisamos melhorar este cenário agregando valor aos nossos produtos e deixar de exportar produtos primários.
Como estamos nos preparando para esta nova demanda da sociedade? Quais as ações governamentais para a logística e estratégia da produção agrícola? Temos as condições necessárias para a produção e precisamos implementá-las e melhorar nossas estratégias.
A sociedade, de forma geral, elogia a produtividade e a qualidade dos alimentos e critica o agricultor e o sistema produtivo. Os produtos agrícolas são muito bonitos nas gôndolas dos supermercados, no entanto, poucos conhecem as dificuldades da cadeia produtiva do desenvolvimento das variedades e a acolhida pelo consumidor, ou seja, o percurso do campo a nossa mesa.
Já assistimos a uma enorme evolução no nosso cenário agrícola e continuaremos merecendo a atenção mundial como grande produtor de alimentos.
Norman Borlaug, quando em visita ao Brasil, ao ser perguntado sobre como via o futuro agrícola do Brasil, respondeu de forma simples e objetiva: “É impossível competir em agricultura com um país que tem a extensão territorial do Brasil e sol e água todos os dias; não se constrói a paz em estômagos vazios” (Norman Borlaug, 2006).