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Antônio Carlos Siufi Hindo: "Sou filho de Deus, também quero ser embaixador"

Promotor de Justiça aposentado

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Dias desses o presidente Jair Bolsonaro brincando com a imprensa disse que se o filho dele, Eduardo, não for o embaixador do Brasil em Washington, filho de alguém será indicado para o posto. Esse recado presidencial  resultou precioso. Sua interpretação tem vários ângulos para análise. Pensando bem, o presidente não está desassistido de razão ao dizer que muitos embaixadores que serviram em Washington fizeram pouco pelo Pais.   Deu a entender que não é necessário a formação diplomática para esse importante cargo. 

Questão de interpretação. Tiradentes, o herói máximo da nossa nacionalidade não tinha formação no curso de Odontologia e assim mesmo  prestou significativos serviços nessa área profissional. Outros tantos práticos nos dias que correm brincam com a nossa dentição.  Rábulas, esparramados em todos os quadrantes do nosso território também prestaram serviços jurídicos aos seus constituintes. Impetravam ordem de Habeas Corpus, formalizavam as ações de Mandado de Segurança e  fizeram notáveis defesas no plenário do Tribunal do Júri. Foram ações exitosas. Agiram com a mesma desenvoltura como se fossem profissionais do Direito. Mas, não é só.  Muitas pessoas, sem nenhuma formação técnica na área da construção civil  avançam na construção de suas moradias. Alguns são pilhados pela fiscalização. Outros, não. Usufruem do seu labor pecaminoso. 

Falsos médicos, que desafiam a vida, não titubeiam em consultar seus pacientes, auscultar seu coração, medir sua glicemia, controlar sua pressão arterial e prescrever as suas receitas. Tudo isso após as regulares visitas aos seus “ pacientes “ nos leitos hospitalares. Muitos se passam por psicólogos. Fazem consultas clínicas. Prescrevem medicamentos para depressão. 

Professores que conseguem seus diplomas de mestrado e doutorado sem nunca ter frequentado o regular  curso para a obtenção desses diplomas,  lecionam as nossas crianças. Muitos nem formação possuem na área de ensino e ministram aulas para as crianças. Empresas criminosas que cheiram o gosto sórdido da mercancia viciada  são as grandes responsáveis por esse  desastre social. Outras tantas ações condenáveis são plantadas todos os dias. Essas pessoas não tem  responsabilidade  com o futuro do nosso País. Não sabem o malefício que proporcionam. Não se intimidam com a consciência. As entidades de classe  fazem o que podem para evitar esses golpistas. Mas, os espertos sempre estão um passo à frente.  Uma herança maldita da nossa  era colonial. Espoliações, trapaças, roubalheira e  injustiça. Esse o nosso cardápio. De todos os santos dias.  Nesse contexto diabólico e de destemor explicito tomo a liberdade de dizer ao nosso presidente, Jair Bolsonaro, que também quero ser o embaixador do nosso País nas terras dos Czares,  Catarina II, a grande, Pedro, o Grande,  Nicolau e Alexndre da Casa dos Románov. A Rússia de Lenin, Stálin, Kruschov, Brejenev, Ieltizin e Gorbachov. Hoje, comandado com o poder da força por Vladimir Putin. Para essa Rússia, senhor presidente de tantas histórias e feitos históricos que pretendo o ambicioso posto de embaixador. Sou amigo pessoal do atual mandatário russo.  Falo fluentemente seu idioma, conheço a sua literatura, as suas artes, o seu folclore. Ivan Turgêniev, Tolstói, Dostoievski estão na sua  linha de frente. O seu teatro que encantou e encanta  o mundo. Conheço o funcionamento da  Igreja Ortodoxa Russa com o seu Patriarcado de Moscou e com poderes sobre todo o seu território.  Mas conheço também o outro lado do Kremlim. As traições, as conspirações, a formação dos seus informantes e a sua política de beligerância.

Principalmente suas relações com os amigos e com os seus inimigos.  Nossa contribuição  diplomática poderá ser preciosa no campo das  relações comerciais. A nossa ministra Tereza Cristina pode anunciar esse importante intercambio comercial para os nossos produtores rurais.  A carne, a soja, o algodão, o milho serão o grande carro forte da nossa ação diplomática. Ultrapassará as linhas do território russo. Alemães e noruegueses  não enxergarão a poeira dessa diplomacia fecunda.

Ficarão envergonhados. Avançaremos com o nosso propósito sobre todo o  leste europeu. Vamos transformar esse sitio geográfico que tem forte interferência da Rússia num importante empório comercial. Os nossos produtos comerciais ganharão outros mercados promissores.   Fruto do esforço dos nossos produtores rurais. Calma, lá. Presta atenção, queridos leitores, naquilo que o articulista irá escrever agora. O texto traduz apenas uma colocação despretensiosa sobre a brincadeira exteriorizada pelo nosso presidente. Outras questões mais urgentes precisam ser enfrentadas. As benditas reformas.  O Congresso Nacional já deu provas inequívocas que pretende ser o grande protagonista desse futuro. O resto é interpretação de ótica. Um grande amor pelo humor. Nada mais. 

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Produtos livres de desmatamento nas estratégias da União Europeia

11/04/2024 07h30

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O Regulamento para Produtos Livres de Desmatamento é um entre vários componentes do Pacto Ambiental Europeu (European Green Deal), que tem como objetivo final atingir neutralidade de emissões de gases de efeito estufa em 2050, com um crescimento econômico livre da exploração excessiva dos recursos naturais e sem deixar ninguém para trás.

Trata-se, portanto, de uma peça dentro de um quebra-cabeça bem mais complexo que visa tornar a Europa um continente sustentável e carbono neutro.

Desde 2019, o Pacto Ambiental Europeu apresenta diretrizes que vão sendo gradativamente regulamentadas, cobrindo de energia renovável a produção de alimentos, passando por transporte e construção civil.

Trata-se de um marco legal abrangente que aborda diversas questões ambientais, incluindo o desmatamento, como parte dos esforços da União Europeia (UE) para um novo modelo de economia verde. 

O regulamento para produtos livres de desmatamento, aprovado em 2023, disciplina as atividades dos importadores europeus que passam a ser responsáveis por garantir que os produtos adquiridos não venham de áreas desmatadas depois de 31 de dezembro de 2020.

As restrições entram em vigor no final de 2024. Os importadores são os responsáveis pela implementação das verificações nos países exportadores, as chamadas “due dilligences”. 

As implicações para o Brasil são significativas, pois a UE é o segundo maior comprador dos nossos produtos agropecuários. Enfrentamos sérios problemas de desmatamento ilegal na floresta amazônica, além de questões fundiários e sociais.

Outro ponto importante é que a legislação europeia não faz distinção do que é considerado desmatamento legal ou ilegal. A normativa claramente se refere a desmatamento em geral. 

Esse ponto vem sendo questionado pelo governo brasileiro, alegando que está acima das exigências legais do ordenamento jurídico do país. Argumenta-se que essa normativa representaria uma forma de barreira não tarifária aos produtos do Brasil.

Entretanto, o argumento contrário é de que a UE tem a prerrogativa de estabelecer os critérios para os produtos que farão parte das suas cadeias de suprimento. E, como o objetivo maior é a redução dos impactos ambientais do consumo dos próprios europeus, nada mais lógico do que exigir que seus fornecedores sigam padrões compatíveis com essa ambição.

Importante notar que há fortes reações ao Pacto Ambiental dentro da própria UE, como vimos recentemente nos diversos protestos de produtores rurais no território europeu.

Embora estejam sensibilizando parte da sociedade e postergando algumas limitações, dificilmente a insatisfação dos produtores europeus ou dos governos fornecedores de produtos agrícolas para a Europa terão força para uma guinada nos objetivos de longo prazo da UE.

Parece haver um sério proposito do continente em mudar completamente suas bases de desenvolvimento, mirando a transição para uma economia mais resiliente e de baixas emissões de gases de efeito estufa.

Ao Brasil cabe o desafio de entender essas normativas e entrar em um processo de negociação sério e embasado na ciência. Ainda há grandes lacunas sobre como serão feitas as verificações do desmatamento e, sobretudo, como serão mapeadas as origens de cada lote de exportação.

Precisaremos acelerar nossos investimentos em rastreabilidade e transparência nos processos produtivos, assim como no aprimoramento de plataformas de monitoramento territorial. Tudo isso em consonância e em estreita colaboração com os importadores e agentes da União Europeia.

Ainda estamos em um momento de discussão e entendimento junto aos agentes europeus de como o novo regulamento será implementado no Brasil. Entende-se que será um processo com aprendizado mútuo e um período de adaptação.

Os entes governamentais têm o papel de catalisar essa discussão entre produtores, processadores e exportadores brasileiros para que estejamos prontos para manter a liderança como fornecedores de produtos agrícolas para a União Europeia. 

 

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Era uma vez em uma escola na Suécia

11/04/2024 07h30

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Depois de anos educando as crianças quase que exclusivamente com recursos digitais, o Ministério da Educação da Suécia começou a perceber alguns sintomas perturbadores nas suas crianças: deficiência na leitura e na compreensão de textos apropriados para a idade, muita dificuldade de escrever e, quando solicitadas, escritas realizadas apenas em caixa alta.

Mas o que mais chamou a atenção foi a percepção de que as crianças também começaram a apresentar dificuldades para expressar o que sentiam, pois lhes faltava vocabulário até mesmo para descrever cenas breves ou relatos de emoções simples.

Muitas dessas manifestações, resultantes da falta de exercício cognitivo e motor, assemelhavam-se a alguns transtornos psicológicos, e não é de se espantar que muitos pais possam ter procurado psicólogos, feito exames ou mesmo ministrado medicamentos, preocupados com a lentidão, o mutismo ou ainda com dificuldade de compreensão de seus jovens filhos.

O governo sueco, diante dessa constatação, resolveu dar uma guinada nas suas orientações escolares e agora estimula fortemente o uso de livros em vez de laptops, como também incentiva a leitura em voz alta, as rodas de conversa e a prática da escrita - inclusive ditados - com o objetivo de reverter o cenário que se desenhava catastrófico para o futuro.

Crianças que não são estimuladas desde cedo em atividades motoras e intelectuais podem ter dificuldades de desenvolvimento profissional na vida adulta, particularmente em um mundo onde a criatividade e a inovação são realidade em todo lugar. 

No último Pisa, divulgado em 2023, o resultado geral dos jovens estudantes suecos foi de 487, ante 499 registrado na edição anterior, de 2018. Em Matemática, a queda foi de 15 pontos e em Leitura, de 10 pontos.

Suficiente para que fizesse um país sério, como a Suécia, acender as luzes amarelas e buscar compreender as razões dessa perda de energia no aprendizado de seus jovens cidadãos, (para além dos efeitos da covid, que afetou de maneira praticamente igual os países participantes).

Uma das medidas que o governo buscou implementar em todas as escolas - embora na Suécia o programa e as orientações pedagógicas não sejam unificadas como no Brasil - foi: menos celular, menos laptop e mais livro, leitura, escrita e conversa. O básico que, desde mais ou menos cinco séculos atrás, tem orientado a ideia do que é ensinar e aprender.

 Lógico que esta constatação não implica em demonizar o uso de tecnologia em sala de aula, mas de usá-la com sabedoria, de forma que ela ofereça o que, de fato, não é possível conseguir por outros meios.

Mal comparando, é como o hábito de muita gente usar palavras em inglês para se referir a coisas ou situações nas quais já existe uma palavra em português perfeitamente cabível. Esse é o mau uso da língua estrangeira. O que não significa que não se deva aprendê-la e usá-la, muito pelo contrário.

A tecnologia compreende um conjunto de ferramentas e habilidades que deve servir para ampliar nossa capacidade de ler, raciocinar, produzir e nos comunicar. Mas, para isso, precisamos antes saber ler, raciocinar, produzir e nos comunicar.

O perigo do uso de celulares e laptops no ensino fundamental é o de diminuir ou mesmo obstaculizar  o desenvolvimento motor e cognitivo das crianças, além de dificultar a expressão de ideias, emoções e socialização, por falta de vocabulário capaz de se fazer entender quando relatar uma experiência.

O fenômeno hikikomori, que se refere aos jovens que abandonam qualquer contato social real e mantêm-se isolados em seus quartos, comunicando-se apenas pelas redes sociais, vem se alastrando por todo mundo, assim como a descrição de novos transtornos psicológicos associados à dificuldade de comunicação e socialização. A saída, porém, pode estar um pouco antes do consultório médico ou do psicólogo. Na boa e velha sala de aula.

 

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