O chefe da diplomacia dos Estados Unidos da América do Norte, Rex Tilerson, em visita a países da América do Sul, excluiu do seu roteiro o nosso país. Esse é o retrato da nossa pobreza política. Uma realidade triste e que não condiz com a nossa grandeza territorial. Com uma população de mais de duzentos milhões de habitantes e um parque industrial de dar inveja a qualquer vizinho, não poderia ser tratado dessa forma.
Todos os países desejam estabelecer relações de comércio com o Brasil, inclusive os Estados Unidos da América. Mas fica fácil entender a causa da nossa exclusão do roteiro do secretário de Estado. Ela se cinge à prática irresponsável de se fazer política em nossos domínios territoriais.
Ela afasta os homens de bem dessa prática saudável. Não são palavras sem fundamento que ensejam esse juízo de credibilidade. São os fatos públicos que todos os dias nos cobrem de vergonha que afugentam esses homens das disputas eleitorais.
A gravação mostrada em rede nacional por todos os veículos televisivos do País mostrando como a deputada federal Cristiane Brasil chegou à Câmara Federal chancela o nosso propósito. Ela não pode ser criticada por essa prática isoladamente. Trata-se de uma regra seguida pela maioria dos postulantes aos cargos eletivos.
A corrupção, a roubalheira, o analfabetismo e a desinformação do nosso povo fecham as cortinas desse triste espetáculo. Essa novela humilhante seguramente não conhecerá tão cedo o seu fim. Os principais jornais do País publicaram em edições recentes a enxurrada de pré-candidatos à presidência da República nas eleições de outubro. Praticamente todos os partidos políticos regularmente registrados têm seus aspirantes. Alguns com expressão nacional, outros nem tanto. A maioria deles não consegue pontuar nas pesquisas, mas todos apostam na vitória. Algo inacreditável.
Aqui, começa a ser desenhado o roteiro tormentoso para a escolha do futuro mandatário da nação. Esse quadro de absoluta miséria tem sua justificativa. Ela é cultural. A vida política e institucional do nosso País, desde a independência, sempre resultou tormentosa. O período imperial não deixou nenhum rastro de grandes obras. O seu começo ditou as regras para o encontro com a escuridão. O regime despótico de Pedro I escreveu a nossa primeira Carta Constitucional dissolvendo pela força a nossa Assembleia Constituinte.
As consequências ruins seriam inevitáveis. Os partidos políticos chancelaram a insensatez imperial. O breu político, já naquela época, afastou o aparecimento de lideranças pujantes. A República, que já vai completar seus 127 anos de existência, teve mais tropeços do que acertos. O seu primeiro período foi perturbado. Conspirações, assassinatos, roubalheiras, interesses condenáveis ditaram as regras de paulistas e mineiros para ocupar o Palácio do Catete. Nada de políticas públicas para beneficiar o conjunto da população. Dinheiro, dinheiro e dinheiro ditavam as regras das negociatas políticas. Nesse quadro horroroso da nossa história, também não se poderia aguardar o surgimento de expressivas lideranças políticas.
Precisou surgir uma revolução sangrenta para apontar o nosso primeiro estadista, Getúlio Dornelles Vargas. Liderança inconteste. Respeitada até os nossos dias. Enfrentou e venceu desafios gigantescos. O rol de realizações de seu governo resulta incontável.
Um pouco mais à frente, surgiu Juscelino Kubitschek. O desafio de construir Brasília mostrou sua forte liderança. Tinha o respeito da comunidade internacional. Depois desses dois grandes homens públicos não surgiu mais ninguém. Jânio, que poderia entrar para esse festejado rol de estadistas, jogou o País para um abismo de consequências que todos conhecemos.
Por último, tivemos a personalidade marcante de Tancredo de Almeida Neves. Suas ações bem propositadas no curso da sua vitoriosa carreira política desenhavam as credenciais para ser o novo estadista. Sua morte impediu esse salutar propósito. Ela comoveu o País. O povo, entristecido e em lágrimas, escrevia o respeito grande que nutria pelo político mineiro.
O povo brasileiro teve de se resignar. São os desígnios de Deus que apontaram para essa direção. A nossa galeria de estadistas continua pequena. Ela não exprime a nossa grandeza territorial, a fertilidade das suas terras e a bravura da sua gente. Temos uma multidão de soldados disciplinados, obedientes e determinados. Precisamos urgentemente de estadistas.