O título que ilustra o artigo testemunhei em um culto religioso. Tema precioso para uma reflexão diária. A humanidade segue sua marcha sempre errante. Os avanços da ciência e da tecnologia colocados à sua disposição diariamente e que poderiam melhorar o seu relacionamento social são desconsiderados. Os seus erros, tropeços, equívocos e desacertos despertam a indiferença. Provoca ainda as reações despropositadas. Não pode ser crível que a insensatez, aliado à selvageria, possam ditar as regras do comportamento das pessoas na vida em sociedade. Esses fatos empobrecem o ser humano. Desacreditam os propósitos. Agridem as consciências. Essa conclusão que esposamos não está circunscrita apenas às palavras. São os fatos diários que apontam para essa direção anômala, para não dizer esdrúxula.
As palavras do Cristo que poderiam evitar esses equívocos são desconsideradas. Não são sequer lidas, meditadas e refletidas. A luta dramática pela sobrevivência material impede essa conquista. Silenciou o grande espetáculo produzido pela espiritualidade. Esse Deus de misericórdia e de piedade está colocado no último plano da humanidade. Essa é a grande verdade dos fatos. O dinheiro e a soberba falam mais alto. São elas inquestionavelmente que traçam as regras do jogo da vida. Essa conclusão a constatamos diariamente. Os fatos não necessitam de palavras, de testemunhas. Estão à nossa frente todos os dias.
O assassinato covarde ocorrido no interior de um cinema na sempre linda e próspera cidade de Dourados é o mais forte indicativo desse tema provocativo. Seu móvel foi uma questão de nonada. Ocorreu numa casa de espetáculo cinematográfico. Estava lotado de criança quese privilegiavam das férias escolares. A surpresa foi desagradável. Ficaram apenas as marcas indeléveis do desamor.
Na cidade de São Paulo a mais populosa e rica da América Latina testemunhamos outro espetáculo triste. Evidencia do desamor ao próximo. Cinco seres humanos faleceram na sarjeta em decorrência do frio intenso. O fato ocorreu na área central da cidade, no Pátio do Colégio. Um contrasenso. Cidade rica, povo miserável de propósitos. Muitos passaram por elas. Todos mostraram sua indiferença. Não surgiu naquele momento a figura exemplar do bom samaritano para mitigar a dor. Esse amor sincero, sem sofismas desapareceu como proposta principal da sociedade contemporânea.
Existem as exceções, mas, são raríssimas. O exemplo bíblico atrás retratado já venceu dois milênios. Continua atualíssimo. Aponta a direção correta para o encontro sagrado com o nosso próximo. Os dois episódios declinados mostram à toda evidencia a face miserável do homem que tinha que ser por inclinação divina a imagem e a semelhança do seu Criador. Outros tantos poderiam ser declinados. As palavras já disse alhures são bonitas e edificantes e até mesmo surpreendentes para falar do amor. Cada inteligência pode dar o indicativo da sua real grandeza. Mas são apenas palavras, nada mais. Depois de proferidas se, esboroam. Caem no esquecimento. Os atos e as ações, não. Valem muito mais.
Não adianta frequentar Igrejas e rezar. Isso resulta em algo salutar. Mas, se desacompanhada de ações concretas, não servem para nada. O nosso próximo continuará desassistido. Esse próximo que precisa da nossa atenção não está apenas nas sarjetas. Está nos asilos, nas penitenciarias, nos hospitais, nos orfanatos, nas escolas das crianças que precisam de um atendimento especial. São rostos desconhecidos. Não interessa a sua idade, a sua nacionalidade, a sua cor. Pouco importa sua crença religiosa. Estamos diante do nosso próximo. Ele está dentro dos nossos lares. São rostos corriqueiros, sagrados. Precisam da nossa atenção diária.
Despercebidas resultam em algo deplorável. Causa repugnância. Desafia os princípios morais. Insultam a inteligência. Remetem-nos, por fim, a um estado de indignação intima permanente. Essas ações práticas mas sobretudo pedagógica podem ser oferecidas pelo ser humano a qualquer momento. Sua prática mostra a linda ação do bom samaritano. É a palavra atualíssima do Cristo. Sempre surpreendente. Indicativo para uma reflexão diária.