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Antonio Carlos Siufi Hindo:
"Epílogo da velha política?"

Promotor aposentado

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As urnas mudaram a realidade nacional. A decisão tomada conscientemente pelo eleitor chancelou essa opção. O eleitor não derrotou apenas  a maior liderança política nacional depois de Getúlio Vargas. Ofereceu ao mundo civilizado uma grande lição de democracia. Essa conquista importante não pode ser interpretada de forma diferente. Os organismos internacionais que acompanharam o processo eleitoral chancelaram esse entendimento. Um novo comando político instalado democraticamente no Palácio do Planalto começa a exteriorizar suas ações. A nomeação dos ministros com poucas exceções não teve interferência de partidos políticos. Suas lideranças tampouco não foram ouvidas. Trata-se de um fato inusitado. Esse tema não pode ser desprezado.  

Seu realce maior está concentrado nas nomeações de generais para os cargos de primeiro e segundo escalões do governo. O Planalto nunca esteve tão recheado de estrelas no curso da sua vida democrática. Algo inusitado.  Os nossos militares das Forças Armadas no exercício regular das funções sempre tiveram como principal missão a preservação da integridade física do território nacional, a garantia da nossa soberania e ainda a sustentação do regime democrático. Essas missões continuam sendo o seu norte maior. É a nossa Carta Constitucional que dita essa regra. No entretanto, a decisão das urnas mudou essa sistemática política. Foi um basta à corrupção e à roubalheira. Mudar esse quadro vergonhoso foi o seu principal desiderato. Uma responsabilidade redobrada para os  militares. 

Dias desses um ministro disse isso a uma emissora de televisão. Não podemos errar, sustentou. Nosso erro comprometerá a credibilidade das Forças Armadas. A colocação do ministro é muito importante. Mas, não se trata de uma verdade dogmática. A grande maioria dos governantes que chegam ao poder recomendou essa mesma prática. Não demora muito tem o encontro dramático com o terreno movediço da discórdia, das ambições desenfreadas, dos propósitos nefastos. Nessas circunstancias malditas levam consigo todas as nossas esperanças. Tomara que os militares interrompam essa regra maldita. Será um passo significativo para o descortinar de novos horizontes. 

Mas todas as ações recomendam cautelas. Ninguém conhece com absoluta fidelidade o espírito do ser humano. Ele sempre será surpreendente. Faz parte das suas ações. Suas manifestações de propósitos ditam essa regra  tanto no seu aspecto positivo quanto no negativo. A razão está no poder concentrado em suas mãos. Ele atrai, seduz  e corrompe as consciências. Deixa vulnerável a personalidade e manda para o inferno o seu caráter. Trata-se de uma lição incontestável materializada pelos pensadores. Nenhum governante por mais bem intencionado que esteja foge à essa regra secular. Nenhum. Aqui seguramente reside a grande temática que os nacionais protagonizarão no curso do presente mandato presidencial. Os nossos militares são rigorosamente iguais  aos civis. 

O interesse pela defesa da Pátria e os seus valores morais, culturais, sociais, éticos e políticos serão sempre perenes.  Mas essas circunstancias à toda evidencia não evitam eventuais tropeços produzidos pela ganancia. As desonestidades são os seus acessórios. Por isso o pleito eleitoral não se encerrou. Seu inicio começa concomitantemente com a posse do novo governo. A fiscalização das suas ações precisa ser diária. A transparência dos seus atos administrativos será o nosso festejado norte. A boa gestão dos recursos públicos é a garantia da melhor escolha. Só assim, teremos certeza  se a velha política está  realmente morta, sepultada e já em adiantado estado de putrefação.