O editorial do Correio do Estado da última quarta feira, 17, retratou com absoluta fidelidade o descaso dos governos federal e estadual sobre a segurança na fronteira. Com um vernáculo escorreito, claro e bastante objetivo o editorialista retratou o quadro amargo que a nossa população precisa conviver diariamente. Não merecíamos tamanho descaso. Temos uma história linda de lutas e de conquistas para mostrar. Ela é feita de bravura e de heroísmo dos nossos antepassados. Sua população é amante da paz e da concórdia.
As ações de governo poderiam ser mais eficientes para encorajar o nosso empresariado a investir o seu dinheiro. Não se trata de nenhum privilégio. A cidade de Ponta Porã, em especial, não sofre com esse descaso apenas na área da segurança. Ele abunda fortemente em outras áreas essenciais para o seu desenvolvimento. A sua população incauta foi vítima de todos os tipos de estelionatos praticados por agentes políticos e públicos ao longo de décadas.
A gritaria tem o seu fundamento. São fatos concretos que todos os dias nos angustiam. A nossa linha férrea está desativada. Um espetáculo de destruição organizado por vândalos quase fez desaparecer a parte física da nossa histórica estação. O nosso "Castelinho", prédio que abrigou importantes órgãos do governo na época do Território Federal só está de pé devido à sua teimosia. Governos se passaram sucessivamente e nenhum deles foi capaz de restaurá-lo. É uma fotografia viva da nossa história que está sendo destruída.
O nosso aeroporto é internacional. Está ocioso. Não tem uma única linha comercial. A nossa saúde pública segue tormentosa. A sede da Polícia Federal é uma vergonha. Está construída em um espaço minúsculo. Não oferece segurança digna nem aos seus próprios servidores. As polícias Civil e Militar estão na bancarrota. Dificilmente se aponta a autoria dos ilícitos praticados. Isso preocupa as famílias. Não temos calçadas. Os deficientes não têm o direito de andar com segurança em qualquer parte da cidade.
Os terrenos baldios na sua maioria não são murados. O Departamento de Operações de Fronteira (DOF) que precisava ter a sua sede física fincada nos limites territoriais da cidade de Ponta Porã, está localizado no município vizinho. A Força Nacional quando opera em nossa cidade o faz com o respaldo do nosso dinheiro que deveria ser melhor empregado na construção de creches, postos de saúde e na compra de medicamentos. O nosso IML é algo vergonhoso.
Projetos fantasiosos empolgaram a nossa população para transformar substancialmente a nossa economia. Inicialmente falaram na Área de Livre Comercio. Depois mudou o nome para Porto Seco. O engodo agora tem outro nome, os frees shops. Nada disso resultou concretizado.
Falam agora na criação da nossa escola de Medicina. O propósito é digno de elogios. Não pode cair no descrédito. A União Federal possui uma área de mais de 1 mil hectares ocupada pelo Exército. Hoje atrapalha o desenvolvimento da cidade. O nosso glorioso regimento não é mais de cavalaria. A Embrapa possui uma base física de 100 hectares na área nobre da cidade há décadas. Nem cercada está. Poderia ser utilizada para a construção de casas populares.
Essas situações não podem ser debitadas exclusivamente ao atual governador. São ações antigas. Um forte indicador do calvário que precisamos ainda enfrentar. Reinaldo Azambuja trouxe uma verba para recapear as vias públicas.
Mas o anel viário não está concluído por absoluta incompetência das nossas autoridades que não souberam traçar o seu trajeto definitivo. Foram advertidos pelo nosso governador. Ficaram em silêncio diante da incompetência apontada. Se mesmo assim avançarem com o recapeamento estaremos jogando no lixo o nosso dinheiro. O governador não pode concordar com tamanho atrevimento.
Os ventos benfazejos que sopram do outro lado da fronteira passaram a descortinar para todos nós uma nova realidade. As faculdades de Medicina estão empurrando o nosso desenvolvimento. A cidade está mais alegre e festiva.
Eles animaram o nosso comercio. Cresceu o setor de serviços. A ocupação de imóveis tem outra realidade. A iniciativa privada está fazendo a sua parte. Falta a parte oficial funcionar. Merecemos esse presente maravilhoso. Vamos continuar sempre respeitando as autoridades constituídas. Aqui reside a grandeza do fronteiriço. Melhor assim.