Grande parte da população está se tornando sedentária. Crianças e adolescentes, entregues às obrigações extracurriculares, passam seus dias envolvidos nessa atmosfera de “aproveitamento” do tempo se preparando para entrarem no competitivo mundo do mercado. Em nome da segurança, por não poderem sair de suas casas, suas horas restantes são dedicadas ao mundo virtual, onde se conectam, sentadas, às vezes, deitadas. Adultos, no mesmo clima da falta de tempo para dar conta de seus afazeres, têm parte de seus dias absorvidos pelos serviços “reais” e virtuais e também pelas “distrações” propagadas pela internet. Em meio a tanta correria, se tornam sedentários. Que paradoxo.
É classificada como sedentária, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a pessoa que pratica menos de 150 minutos semanais de atividade física (isso para a faixa etária de 18 a 64 anos). O que é atividade física? Qualquer atividade de movimento corporal. Pode também sair da linha do sedentarismo a pessoa que se exercitar intensamente por 20 minutos durante três vezes na semana.
Podemos afirmar, resumidamente, que exercício físico é a prática planejada de atividades físicas. Realizados de forma correta, eles colaboram consideravelmente para a boa qualidade de vida das pessoas, melhoram a autoestima, combatem a obesidade e o estresse, isso sem falar dos benefícios para a parte física corporal. Músculos, articulações e sistema ósseo agradecem, desde que praticados sem excessos. O sujeito que pratica exercícios físicos regularmente ajudará na prevenção de doenças cardiovasculares, câncer, diabetes, hipertensão e osteoporose, por exemplo.
Um simples alongamento, para quem é sedentário, ajuda na diminuição de algumas dores, ocasionadas pela má postura ou movimentos repetitivos. É de extrema importância, porém, saber a amplitude dos alongamentos e intensidade deles, para que não ocorram danos à saúde do praticante. A orientação de um profissional de Educação Física sempre será interessante e, em alguns casos, fundamental para a prescrição de exercícios. Algumas empresas têm adotado a ginástica laboral e economizado com afastamentos de seus colaboradores, além de melhorar as relações interpessoais no ambiente de trabalho.
Os benefícios são muitos, porém, não posso deixar de comentar, também, a melhora que exercícios físicos promovem na autoestima. Pessoas de todas as idades que começam a fazer exercícios físicos melhoram seu humor. Primeiro, pela liberação de endorfina, segundo, pela facilidade de fazer reflexões e “ajustar” os pensamentos e, ainda, pela capacidade de socialização que exercícios físicos promovem.
Por fim, um alerta. Tudo o que crianças fazem vai construindo um repertório em sua memória. Com os exercícios físicos não é diferente. Todo adulto que teve uma infância rica em brincadeiras que estimulavam as atividades físicas tem, hoje, mais facilidade para repetir o que já fez. Coordenação motora, equilíbrio, resistência e outras qualidades físicas são mais bem retomadas se já houve a experiência anterior. Minha preocupação é em relação às crianças de hoje que estão privadas da liberdade de brincar em espaços abertos, fazendo de forma lúdica atividades físicas mais intensas, sem saberem que se exercitam enquanto brincam de forma prazerosa. Uma outra preocupação é em relação à diminuição das aulas de Educação Física nas escolas, talvez um dos únicos momentos que elas estejam brincando e preservando um pouco da saúde. Fica então o alerta sobre a atitude de proporcionarmos às crianças e adolescentes a mesma felicidade que experimentamos quando tínhamos a idade deles. Fazíamos exercícios físicos brincando.