Voçorocas causam estragos e preocupam os moradores das cidades de Novo Horizonte do Sul e Ivinhema. As crateras atingem propriedades rurais, estradas e, em alguns pontos, até ameaçam residências. O solo da região do Vale do Ivinhema, mais arenoso, favorece o surgimento das erosões, que aumentam a cada chuva. As prefeituras dos dois municípios já solicitaram recursos aos governos estadual e federal, mas as obras ainda não têm data para começar. Em Ivinhema, a cratera cresce cerca de 30 metros a cada chuva, conforme o prefeito da cidade, Renato Câmara. Do ponto onde começa a erosão, pouco depois do prédio da Associação Terra Nostra, é impossível enxergar onde ela termina. A voçoroca tem cerca de 15 metros de profundidade, 50m de largura e quase 250m de comprimento. Ela atinge o local onde havia uma galeria de água, que chega ao Córrego Ponta Porã. O prédio da associação, onde começa a erosão, está abandonado, mas as casas mais próximas estão a quase 200 metros, na Avenida Estados Unidos. O mecânico Jailson Perrone, que trabalha nas proximidades, teme que a cratera aumente. “A cada chuva, a erosão aumenta mais. Precisam tomar alguma providência o quanto antes para não chegar à avenida e não atingir as casas”, afirma. Ele acrescenta que a voçoroca começou há cerca de dois anos. Histórico No entanto, conforme o prefeito, a erosão já é bem mais antiga. O mesmo problema foi registrado no local há 30 anos. Algumas medidas foram tomadas, mas não suficientes para impedir que a cratera voltasse a apavorar os moradores. “Já tivemos outras voçorocas em Ivinhema e foram adotados procedimentos para contê-las. A cidade cresceu e a galeria excedeu a capacidade de escoamento, formando novamente voçoroca”, afirma Câmara. A prefeitura já tem garantidos R$ 380 mil para construção de uma escada hidráulica no Córrego Ponta Porã, com o objetivo de impedir o avanço da erosão. As obras começam assim que a Caixa Econômica Federal liberar o dinheiro viabilizado pelo governo. No entanto, ainda seriam necessários R$ 2 milhões para acabar com a cratera. “Inicialmente, pretendemos estancar o pro- Propriedade rural de Ivinhema foi parcialmente destruída por erosão e dono teve prejuízos com a morte de cabeças de gado e queda de cercas Buraco gigantesco formou-se em frente à chácara de Antônio Pereira, que teve de providenciar caminho alternativo para sair de casa blema. Com outro projeto, vamos fazer a parte de recuperação da área”, diz. Prejuízos O produtor rural Hugo de Souza Amorim, 56 anos, já perdeu bois, cercas e parte do terreno da fazenda por conta da voçoroca em Ivinhema. Ele mora há 15 anos no local e há dois anos assiste à parte do terreno da propriedade ser carregada pelas águas do Córrego Ponta Porã durante as chuvas. Poucos metros depois da sede, está a erosão. É justamente na área pertencente a Hugo que termina a voçoroca. “Até hoje, ninguém veio me procurar para ressarcir o que perdi ou para pelo menos conversar sobre o que está acontecendo”, disse Hugo. Ele conta que teve de arrendar propriedade vizinha para colocar o gado. “Não tenho como deixar os bois no meu sítio. Se a voçoroca aumentar ou um boi cair lá, vai morrer. Já tive de refazer três vezes a cerca, mas a água leva tudo”, afirma.