A violência no trânsito em Campo Grande que em 2009 provocou 58 mortes e 7.205 feridos, custa em média ao Sistema Único de Saúde (SUS) R$ 2,2 milhões por mês, valor que corresponde a 25% das despesas Santa Casa, que é referência na Capital destas urgências e emergências. Metade das 2.200 cirurgias que o hospital faz mensalmente, é em vítimas do trânsito. Muitos feridos se submetem a mais de uma cirurgia. Nos dois primeiros meses do ano, foram 1.312 internações de acidentados. Ano passado, das 20 mil internações, 5.102 se referiam a de acidentados. Dos 511 leitos hospitalares ocupados na sexta-feira, 140 eram de pacientes que sofreram politraumismo ou estão com sequelas de acidentes de que foram vítimas. Só na ortopedia há 36 leitos ocupados. As próprias autoridades em saúde admitem que desconhecem o valor exato dessa conta que é paga por toda a sociedade.“ O que temos são estimativas, mas são as contas mais altas do hospital ”, reconhece o secretário municipal de Saúde, Luiz Henrique Mandetta. O SUS já chegou a pagar R$ 200 mil por um tratamento. Só a diária no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) custa R$ 3 mil, ou seja, um paciente que fique 10 dias no CTI gera uma conta R$ 30 mil. Um exame de ressonância magnética, muitas vezes indispensável para o médico diagnosticar a extensão do traumatismo num órgão interno, custa R$ 1,6 mil. O médico do Serviço de Atendimento de Urgência (SAMU), Rodrigo Quadros, se arrisca a projetar que em média cada acidente custe entre R$ 50 e R$ 100 mil para o poder público. As despesas começam já nos primeiros socorros ainda na rua; atendimento de urgência e emergência no hospital e dependendo do estado da vítima, internação no CTI, mobilizando diferentes especialistas, começando pelos ortopedistas, passando pela neurologia (se houver traumatismo craniano), cardiologista, nefrologista, chegando até a fisioterapia, na fase de recuperação. A prefeitura pretende contratar um estudo para saber exatamente o custo econômico da violência no trânsito. “ Se o drama que envolve a perda de vidas humanas não é suficiente para sensibilizar a sociedade sobre a importância de reduzir a violência no trânsito, quem sabe, a gente demonstrando o quanto custa caro esta situação, haja uma tomada de consciência de todos, inclusive do poder público”, avalia o diretor da Agência Municipal de Trânsito, Rudel Trindade. A falta desta dimensão do impacto econômico do acidente no trânsito, na opinião de Rudel, talvez explique porque o País (em todos os níveis de governo) ainda não tenha despertado para a importância de ter uma política nacional para reduzir toda esta violência . Os órgãos responsáveis ficam presos a questões burocráticas, de controle da documentação do veículo e da habilitação do motorista, provavelmente, por terem maior potencial gerador de receita, com taxas e impostos. A unidade local da Fundação Oswaldo Cruz, em instalação em Mato Grosso do Sul , terá como uma das linhas de pesquisa, a violência do trânsito como um problema de saúde pública.