VÂNYA SANTOS e karine cortez
O presidente da Câmara Municipal de Rio Verde, vereador Riovaldo Pires Martins (DEM), de 45 anos, prestou depoimento à polícia e alegou que o tiro que matou Laudenir Rosa Santiago Pereira, 29 anos, foi acidental. De acordo com o delegado Éder Oliveira Moraes, responsável pelo caso, o interrogatório durou cerca de 1h30min.
Para a polícia, o vereador Riovaldo contou que durante uma briga generalizada em sua chácara efetuou um disparo com o objetivo de dispersar os envolvidos no desentendimento, porém, uma pessoa “esbarrou” em seu corpo, direcionando o tiro contra a vítima. O acusado não soube dizer quem teria “esbarrado” nele no momento do disparo.
Durante o interrogatório Riovaldo também revelou que após o episódio ficou escondido num matagal próximo a sua propriedade e, no dia seguinte foi para Coxim. Por orientação de seu advogado, ele permaneceu no município até que a defesa conseguisse um habeas corpus, documento que foi concedido pelo desembargador da 1ª Turma Criminal do Tribunal de Justiça, João Carlos Brandes Garcia, às 13h53min de segunda-feira, sete minutos antes do início da sessão na câmara. Com o pedido de prisão preventiva revogado, o vereador presidiu a sessão plenária desta semana.
Solto
A Justiça de Rio Verde concedeu liberdade ao pedreiro Sebastião Marques, 55 anos, responsável por ferir com uma garrafa de vidro o cunhado, Laudemir, durante uma festa no dia 25 de julho, na Chácara Carneiro, de propriedade do presidente da câmara. A vítima também foi atingida por um tiro de espingarda, disparado por Riovaldo, e acabou morrendo antes mesmo de receber socorro. A decisão do juiz Marcus Abreu de Magalhães, da Comarca de Rio Verde, teve como fator determinante o fato de a morte da vítima ter sido causada pelo tiro disparado por Riovaldo e não pelos ferimentos provenientes da garrafa, conforme apontou o laudo necroscópico.
Além disso, ainda consta na decisão do magistrado o fato de “o acusado possuir residência fixa no distrito da culpa há mais de 30 anos, ter ocupação lícita, pois trabalha como pedreiro, que não oferece risco à instrução criminal, à ordem pública”. Sebastião havia sido preso em flagrante no dia do crime, enquanto o vereador Riovaldo fugiu e só se apresentou à polícia na última terça-feira.
Caso
O homicídio ocorreu no fim da tarde do dia 25 de julho, durante uma briga na Chácara Carneiro, de propriedade do presidente da câmara, que fica no distrito de Colônia Paredes, em Rio Verde. No local acontecia uma partida de futebol entre amigos. A briga teve início porque o cunhado da vítima, Sebastião Marques, discutiu com a esposa e Laudemir saiu em defesa da irmã. O marido não gostou e quebrou uma garrafa no tórax do cunhado. O vereador então pegou a arma, do tipo cartucheira, que não tem registro, e atirou contra Laudemir.
Apesar de a vítima ter sido ferida com uma garrafa no peito, laudo necroscópico apontou que o homem morreu em decorrência do tiro disparado pelo presidente da Câmara. Apenas um tiro foi efetuado, mas vários chumbinhos atingiram a vítima, inclusive no pulmão. O vereador responderá por homicídio doloso – quando há intenção de matar –, enquanto Sebastião foi indiciado por tentativa de homicídio, conforme informou o delegado Éder. Os dois aguardarão o julgamento em liberdade.