bruno grubertt e valdenir rezende
O menino de 12 anos, baleado na noite da última segunda-feira quando andava pelas ruas do Bairro Paulo Coelho Machado, em Campo Grande, foi salvo por ter em seu organismo uma veia a mais que irriga o seu rim — órgão que foi perfurado por um dos dois tiros. O mais comum é que se tenha apenas uma veia, mas, em casos raros como o da criança, o órgão pode ter duas.
Como uma das estruturas foi atingida pelo tiro, não irrigava mais o órgão, que foi mantido em funcionamento pela veia renal acessória. De acordo com a médica Magali Sanches Machado, que participou da cirurgia do menino, a situação é chamada de “anomalia anatômica” e, se o paciente não portasse o segundo vaso sanguíneo, poderia ter perdido o rim por falta de irrigação e até morrido. “O menino teve muita sorte”, disse a profissional. O paciente, que sofreu uma hemorragia grave por conta dos ferimentos causados pelos disparos, foi operado no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul.
Outro médico, Adriano Machado Rocha, urologista e responsável pela cirurgia, disse que o atendimento rápido também foi importante para manter o menino vivo. “A veia acessória foi um dos motivos, mas a prioridade que foi dada a esse paciente pelas pessoas que o atenderam antes da cirurgia também foi responsável por esse menino ter sido salvo”, disse o médico.
A mãe da vítima, Luciane Ferreira, de 32 anos, acredita que o fato de a vida de seu filho ter sido salva pela segunda veia “é um milagre”. “O médico disse que é raro isso acontecer, e, graças a Deus, meu filho está bem”, disse a mãe, aliviada. Ontem à tarde, ele continuava sob observação no Hospital Regional e passava bem.
Adolescentes acusados de ter participado de uma briga, que resultou na troca de tiros e no ferimento do menino, informaram à polícia que alugaram a arma usada no crime por R$ 50. Os jovens, um de 15 e outro de 17 anos, foram apreendidos na segunda-feira (30) e já havia cometido vários assaltos.