Um grupo de 3 mil jovens campo-grandenses, entre 9 e 16 anos, vai testar a partir de julho de 2011 a vacina contra dengue que está sendo desenvolvida pela empresa farmacêutica francesa Sanofi- Aventis, principal produtora mundial de vacinas que no Brasil tem parceria com o Instituto Butantã, vinculado ao governo de São Paulo. Em julho serão escolhidos 200 jovens que por 12 meses terão monitorados os sintomas que apresentarem neste período, semelhantes aos da doença. Ano que vem a esse grupo se juntarão mais 2.800 jovens. Metade vai ser vacinada e nos outros 1.500, será aplicado placebo que não conterá o medicamento. Nenhum dos envolvidos na experiência, inclusive os médicos, saberá qual grupo de fato recebeu a vacina. Durante três anos todos vão ser acompanhados para se apurar quantos desenvolverão anticorpos que os imunizem contra a doença. A Secretaria Municipal de Saúde já foi informada da experiência que passará também pelo crivo do conselho de bioética do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM/MS). Segundo o infectologista Rivaldo Venâncio da Cunha, do comitê técnico em dengue do Ministério da Saúde, a pesquisa faz parte do longo processo que envolve a aprovação e o patenteamento de uma vacina, que até ser oferecida ao público, depende do aval dos órgãos de controle da eficácia de medicamentos dos Estados Unidos, União Europeia e da própria autarquia brasileira, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). São de três a cinco anos entre as primeiras pesquisas e o produto estar disponível à população. No Brasil, em duas outras cidades além de Campo Grande, sua eficiência será testada num determinado grupo da população, Fortaleza capital do Ceará e Vitória, no Espírito Santo. O secretário de Saúde de Campo Grande, Luiz Henrique Mandetta, que pela segunda vez gerencia uma situação de epidemia da doença na cidade (a primeira foi em 2007), acha positivo o surgimento da vacina que além de livrar a população da doença que nos seus casos mais graves pode levar à morte, livrará o sistema público da demanda extra de atendimento que sua incidência provoca. “Mais eficaz que a vacina é se a população colaborar eliminando o ambiente ideal para a proliferação de focos do mosquito, mantendo limpo seus quintais”, observa.