NADYENKA CASTRO
Paciente do Hospital Regional Rosa Pedrossian (HR), em Campo Grande, um usuário de drogas de 20 anos colocou fogo na enfermaria que ele ocupava, por volta das 9 horas de ontem. Nem ele, nem os outros 17 pacientes da ala B do quinto andar tiveram queimaduras, mas todos precisaram ser retirados do local.
De acordo com o diretor-presidente do hospital, médico Ronaldo Preches Queiroz, o jovem provocou o incêndio após causar curto-circuito com dois fios da rede de energia elétrica. Funcionários disseram que o rapaz tentou acender uma bituca de cigarro com os fios e acabou incendiando um dos colchões do quarto. Ronaldo Queiroz não soube explicar onde e como o rapaz conseguiu os fios. Outro paciente foi visto saindo do quarto, mas, a princípio, ele não tem relação com o incêndio.
O fogo se alastrou pela enfermaria e destruiu as duas camas, três luminárias, danificou as janelas e deixou as paredes cinzas. Quartos vizinhos também ficaram acinzentados. Funcionários controlaram o incêndio e, quando o Corpo de Bombeiros chegou, só fez o rescaldo e avaliação técnica. Pelo menos seis viaturas foram mobilizadas para a ocorrência.
Os 15 pacientes da ala B saíram do local pela escada, com ajuda dos trabalhadores do hospital. Houve um princípio de pânico e todos foram levados para o saguão principal do nosocômio. No saguão, o jovem que colocou fogo ainda tentou fugir.
Segundo Ronaldo Queiroz, durante a semana, três pacientes tiveram alta e este rapaz não se conformou por ter ficado e então quis incendiar o hospital para conseguir retornar para casa. O médico não soube dizer há quanto tempo o jovem estava internado. A Polícia Militar e a Polícia Civil foram acionadas e o usuário de drogas pode responder por ter incendiado a enfermaria que ocupava.
Providências
Conforme o diretor-presidente do HR, os 15 pacientes serão encaminhados para outros locais que atendem dependentes químicos, até que a situação no hospital seja regularizada. Por causa do incêndio, a energia elétrica e o oxigênio que atendiam a ala b foram suspensos temporariamente. A previsão é que a enfermaria destruída pelo fogo esteja pronta para ser utilizada novamente em até 20 dias.
Atendimento
O HR atende dependentes químicos e de álcool que precisam de internação. Eles ficam no nosocômio, em média, 15 dias. A capacidade é para 18 pacientes que ficam divididos em nove enfermarias da ala B do quinta andar. Na ala A do mesmo andar, fica a maternidade, inclusive a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Neonatal. As duas alas ficam a cerca de 10 metros de distância e entre elas há parede e grade. De acordo com Ronaldo Queiroz, o incêndio não comprometeu os trabalhos da ala A.
O diretor-presidente do HR explica que o objetivo é acabar com o serviço de internação de dependentes químicos. Segundo ele, está sendo negociado com a Secretaria de Estado de Saúde o fim do serviço. A intenção é usar os 18 leitos para atendimentos a outros tipos de pacientes. O HR quer ainda instalar no pronto-socorro, que está em reforma, 12 leitos para atender dependentes em estado crítico, que possam ficar no local por, no máximo, três dias, e depois sejam transferidos.
Conforme Ronaldo Queiroz, incidentes de pequenas proporções com dependentes químicos já aconteceram outras vezes.