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Um festival popular

Um festival popular

Redação

01/05/2010 - 20h53
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OSCAR ROCHA

 

O que eventos culturais como a Festa Literária de Paraty (Flip), realizada anualmente na cidade turística do Estado do Rio de Janeiro, a Jornada Literária de Passo Fundo, que acontece há três décadas no interior do Rio Grande do Sul e o Festival de New Orleans, tradicional encontro musical e gastronômico – tendo como palco famosa cidade americana – têm em comum com o Festival América do Sul (FAS), realizado pelo sétimo ano consecutivo em Corumbá, cuja programação deste ano iniciou na quarta-feira e termina amanhã? Na opinião de alguns convidados desta edição, se a iniciativa sul-mato-grossense ainda não tem reconhecimento nacional – e mesmo internacional –, no quesito participação popular a atração local se iguala, ou supera, em alguns aspectos, as maratonas culturais citadas.

"A Flip tem toda aquela pompa, mas em termos de participação popular é quase nula, é uma coisa mais de elite. Em Corumbá, a presença é realmente popular, com pessoas de todas as idades, é para todo mundo realmente", disse ontem pela manhã o escritor paulista Ignácio de Loyola Brandão, ao término do "Quebra-Torto Literário", realizado no Pátio do Moinho Cultural. "Frequento vários eventos culturais, em diversos pontos do País, e não vejo muito a mesma recepção daqui. Algo semelhante acontece na Jornada Literária de Passo Fundo, mas para chegar no atual estágio, esse evento foi se solidificando ao longo de 30 anos. Estive aqui em Corumbá há cerca de quatro anos e noto a diferença com relação ao festival daquele período, achei que ficou mais maduro. Com certeza, escreverei uma crônica na coluna que tenho no jornal ‘O Estado de S. Paulo’, na semana que vem, sobre o festival ", prometeu.

Os elogios ao perfil do festival também são feitos pelo diretor de Atividades Culturais da Fundação Memorial da América Latina, Fernando Calvozo, destacando a busca pelo intercâmbio entre os países latino-americanos. "O que existe em alguns lugares são jornadas culturais específicas, como o festival de teatro ou artes plásticas, mas não como este, em que áreas distintas têm espaço. Por exemplo, o Rio Grande do Sul tem o Festival Califórnia de Música, mas é uma celebração da música dos pampas com milonga, chamamé e outros", aponta Fernando.

 

Parceria

Desde o ano passado, a curadoria do FAS passou a ser compartilhada pelo Governo do Estado e a Fundação Memorial da América Latina, sediada em São Paulo, que tem extensa programação de arte e cultura latino-americana. É desta experiência que o Festival de Corumbá dispõe. Em 2009, o Memorial selecionou nove atrações; agora, quatorze. A tendência, segundo Fernando, é a cada ano enfatizar um aspecto cultural. Em 2010, é o aspecto intelectual o centro das atenções. A presença da uruguaia Glória Levy é prova disso, segundo Fernando. "Ela é uma intelectual que atua no eixo Uruguai, Argentina e México; no Brasil, o máximo do lugar onde esteve foi São Paulo. É uma pessoa de importância muito grande na cena teatral do continente".

O ator Hilton Viana, que se apresentou ontem no Quebra-Torto Literário, visivelmente emocionado, também elogiou o objetivo do festival. "É muito bom ter um local onde se divulga a produção cultural, abrindo espaço para várias manifestações". Com relação específica ao Quebra-Torto, Zuza Homem de Mello, que participou na quinta-feira, disse que a união de gastronomia e cultura é algo que não tem como dar errado, e citou o Festival de News Orleans, que também abre espaço para apreciação de iguarias locais. "Música, literatura e comida são coisas que proporcionam muito prazer, é muito interessante que sejam apresentados no mesmo espaço".

Fernando Calvozo planeja, para o próximo ano, a participação de um grupo teatral representativo da América do Sul.

 

Poesia e música

No segundo dia do Quebra-Torto com Letras, a poesia brasileira e as composições eruditas e populares foram as atrações principais. Hilton Viana selecionou textos de poetas de vários períodos, como Mário de Andrade, Casemiro de Abreu, Gonçalves Dias, Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes e até letra de uma canção de Roberto Carlos. Também houve momento para "causos e histórias populares", provocando risos dos presentes. Na parte musical, executada pelo violonista Luciano Braz, o repertório passou por Heitor Villa-Lobos, Bach, entre outros. Antes, o escritor Augusto César Proença, que lançou o livro "Rodeio a céu aberto – a bravura do pantaneiro", falou sobre o passado e o presente no Pantanal.

Um dos momentos divertidos foi quando o escritor Ignácio de Loyola Brandão questionou a origem do nome "quebra-torto". Depois de várias tentativas para explicar, uma participante de origem argentina o fez. Em virtude da longa cavalgada, o cavaleiro, com fome, começa a se curvar sobre o cavalo; comer algo significaria "quebrar o torto". A participação causou recepção calorosa.

Hoje, às 8h, haverá a última edição do "Quebra-Torto", com participação da filha da poeta Cora Coralina, Vicência Bretãs Tahan, além de lançamentos de livros de autores sul-mato-grossenses.

Política

Moraes diz que Justiça está acostumada a combater 'mercantilistas estrangeiros' e 'políticos extremi

Fala ocorre em meio à união entre Bolsonaro e o bilionário Elon Musk nas críticas ao ministro

19/04/2024 19h00

Ministro Alexandre de Moraes Arquivo/

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O ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), afirmou nesta sexta-feira (19) que a Justiça Eleitoral está "acostumada a combater mercantilistas estrangeiros" e "políticos extremistas".

A fala é uma indireta a união entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o bilionário Elon Musk, dono do X (ex-Twitter), nas críticas às decisões de Moraes sobre a retirada de conteúdos das redes sociais durante a campanha eleitoral de 2022.

"A Justiça Eleitoral brasileira está acostumada a combater mercantilistas estrangeiros que tratam o Brasil como colônia. A Justiça Eleitoral brasileira e o Poder Judiciário brasileiro estão acostumados a combater políticos extremistas e antidemocráticos que preferem se subjugar a interesses internacionais do que defender o desenvolvimento no Brasil" afirmou o ministro na cerimônia de assinatura dos planos de trabalho para a construção do Museu da Democracia da Justiça Eleitoral, no centro do Rio de Janeiro.

Na presença do governador Cláudio Castro (PL), aliado de Bolsonaro, Moraes afirmou que a Justiça Eleitoral "continuará defendendo a vontade do eleitor contra a manipulação do poder econômico das redes sociais, algumas delas que só pretendem o lucro e a exploração sem qualquer responsabilidade".

"Essa antiquíssima mentalidade mercantilista que une o abuso do poder econômico com o autoritarismo extremista de novos políticos volta a atacar a soberania do Brasil. Volta a atacar a Justiça Eleitoral com a união de irresponsáveis mercantilistas ligados às redes sociais com políticos brasileiros extremistas", disse o magistrado.

Governo

Lula quer procurar Lira, Pacheco e outros ministros do STF para diminuir tensão entre Poderes

Lula e os ministros do Supremo fizeram na segunda uma análise da conjuntura política atual e diagnosticaram que há muitos focos de tensão entre os Poderes é preciso diminui-los

19/04/2024 17h00

O petista se reuniu na última segunda-feira (15) com uma ala do Supremo. Agência Brasil

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O presidente Lula (PT) pretende buscar Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que comandam a Câmara e o Senado, respectivamente, além de outros ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), em um esforço para diminuir as tensões entre os Poderes.

Nesta sexta-feira (19), Lula já trata da sua articulação política em um almoço no Palácio do Planalto. Participam os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Rui Costa (Casa Civil) e Paulo Pimenta (Secom), além de líderes do governo no Congresso Nacional.

Também estão presentes os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE); no Senado, Jaques Wagner (PT-BA); e no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP). A reunião acontece logo após a participação da cerimônia do Dia do Exército, no quartel-general da força. O almoço teve início por volta das 12h30.

O petista se reuniu na última segunda-feira (15) com uma ala do Supremo, formada pelos ministros Gilmar Mendes, Flávio Dino, Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin. O encontro ocorreu na casa de Gilmar. Estavam também no jantar os ministros Ricardo Lewandowski (Justiça) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União).

Na ocasião, Lula disse que pretendia buscar outros magistrados para conversas. O próprio presidente do STF, Luís Roberto Barroso, por exemplo, ficou de fora do encontro do início da semana. Na mesma linha, o presidente quer conversar com Lira e Pacheco.

Lula e os ministros do Supremo fizeram na segunda uma análise da conjuntura política atual e diagnosticaram que há muitos focos de tensão entre os Poderes é preciso diminui-los.

Embora não conste em sua agenda, há a possibilidade de Lula se reunir com Padilha e líderes aliados nesta sexta. Um dos objetivos do encontro seria para articular algumas dessas movimentações.

De um lado, o Senado e a Câmara têm demonstrado irritação com decisões da corte, sobretudo do ministro Alexandre de Moraes. Como consequência, ameaçam dar seguimento a projetos que miram o STF. O Senado já aprovou no ano passado uma PEC (proposta de emenda à Constituição) que restringe decisões monocráticas.

Na Câmara, deputados querem abrir um grupo de trabalho para tratar das prerrogativas parlamentares, para avaliar eventuais exageros do Supremo. Também sugerem que podem abrir uma CPI para mirar o STF e TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Atualmente, há oito delas que aguardam a formalização, entre elas uma que pretende investigar "a violação de direitos e garantias fundamentais, a prática de condutas arbitrárias sem observância do processo legal, inclusive a adoção de censura e atos de abuso de autoridade por membros do STF e do TSE [Tribunal Superior Eleitoral]".

Lira indicou esta semana aos líderes que deverá instalar CPIs, mas reservadamente deputados acham difícil a ofensiva prosperar.

Em outra frente, parlamentares, incluindo Lira, estão incomodados com a articulação política do governo. O presidente da Câmara chegou a dizer que o ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) é seu "desafeto pessoal" e o chamou de incompetente.

Lula reagiu dizendo que só por "teimosia" não tiraria Padilha do cargo. O presidente, porém, tem pregado um apaziguamento das tensões. O receio do presidente é que o clima acabe por afetar o andamento de projetos prioritários para o governo no Congresso, além de a tensão avançar para uma crise entre Parlamento e Supremo.
 

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