Brasília
A NBR, emissora estatal do governo federal, suprimiu trechos dos áudios que faziam referências positivas à pré-candidata petista Dilma Rousseff, durante a cobertura do evento de lançamento do primeiro navio do Programa de Modernização e Expansão da Transpetro (Promef), realizado ontem, em Ipojuca (PE). O corte das falas incluiu até mesmo o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e era sempre substituído por uma locutora em off (fora da tela), que dava informações sobre o evento, direto de um estúdio em Brasília. Assim que as referências a Dilma acabavam, o som original do evento retornava.
Segundo a assessoria de imprensa da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), a quem a NBR paga pelas transmissões dos eventos do governo, houve orientação prévia para que essa atitude fosse tomada caso houvesse alguma fala favorável a Dilma
O primeiro a ser alvo do recurso foi o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco, Alberto Alves dos Santos. "Por causa da lei eleitoral, o presidente Lula não pode falar. Mas eu posso", afirmou, tendo seu áudio substituído em seguida pela voz da locutora. Santos elogiou Lula pela recuperação da indústria nacional e afirmou que "se dependesse do povo trabalhador, seu mandato seria igual ao de Fidel Castro" Ele se despediu do palanque desejando "Bom Dilma para todos". Nada disso foi ouvido na transmissão da NBR.
Em seguida, a mesma prática foi feita durante o discurso do presidente da Transpetro, o ex-senador Sérgio Machado (PMDB), no momento em que ele se preparava para saudar a ex-ministra da Casa Civil. Depois, se repetiu na fala do ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, e na do anfitrião do encontro, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).
Por fim, Lula também foi interrompido pela locutora, que lia sempre o mesmo texto, no qual se explicava quem era João Cândido, líder da Revolta da Chibata, em 1910, cujo nome batiza o primeiro navio do Promef.