Mais José e menos Serra. É com essa fórmula que as lideranças do PSDB querem encaminhar a candidatura do governador de São Paulo José Serra na campanha presidencial. A ideia é reforçar os traços da vida do José que aproximam mais o candidato do brasileiro comum, indo além do bem-sucedido gestor público, o governador do maior Estado do País e ministro da Saúde que criou os genéricos e articulou a quebra das patentes dos remédios de combate à Aids. A campanha dará ênfase ao homem simples, filho de feirantes, que lutou para vencer na vida. Como a concorrente do Planalto, a ministra Dilma Rousseff (PT), o “cidadão José” também fez oposição à ditadura (1964-1985), mas com uma diferença a ressaltar: nunca flertou com a ideia da luta armada como estratégia de confronto com os militares. “Zé”, como é chamado pela família, nasceu na Mooca, zona leste de São Paulo. Vivia em uma casa de apenas um quarto, que dividiu com os pais até os 4 anos. Só aos 11 ele e os pais se mudaram – foi quando o menino ganhou um quarto só para ele. Aos 21 foi eleito presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). A biografia do menino pobre e o histórico de líder à esquerda formarão um mix a contrapor ao imaginário político eleitoral exposto e explorado à exaustão pelo presidente Lula em seus dois mandatos. O pai queria que Serra ajudasse na feira, mas a mãe insistiu que ele só estudasse. É esse personagem que o PSDB quer tornar conhecido para os eleitores. Embora a estrutura da campanha e a escolha do marqueteiro não tenham sido definidas, há consenso entre as principais lideranças tucanos que a figura do administrador público é sobejamente conhecida. Já a pessoa física, avaliam, o “José da Mooca”, está longe de ser íntima do eleitorado. “Nosso cand idato tem conteúdo e todo mundo sabe disso. Mas a campanha tem de ser a do José Serra, e não apenas do Serra”, afirma o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). A meta dos estrategistas tucanos é eliminar os traços de arrogância que o administrador Serra impõe ao José em algumas intervenções públicas, deixar que as manias de homem comum prevaleçam – o palmeirense roxo que detesta alho, cebola e pimentão e tem obsessão por gravatas. Os tucanos consideram “fundamental” a presença do mineiro Aécio Neves na campanha e no posto de vice. Pelo fato de mineiro ter a liderança no segundo maior colégio eleitoral do País, isso é visto como uma forma de minimizar a já contabilizada derrota que os tucanos devem sofrer no Nordeste.