A terra vermelha sobe à medida
que homens montados em
cavalos correm atrás de bois e os
laçam em pistas de chão batido.
O trabalho dos peões, que sempre
foi comum nas fazendas, veio
para os centros urbanos como
prática esportiva, que reúne pessoas de todas as
idades, inclusive famílias, para assistir e participar
das provas.
Entre elas, a mais popular
é o laço comprido, que se
integrou no contexto sul-mato-
grossense, um Estado reconhecido
pela força da economia
voltada para a agropecuária.
Hoje pode-se falar sobre
a tribo do laço, que reúne jovens
e suas famílias ao redor
dessa atividade e dos eventos
que são promovidos.
“Antigamente, os jovens
não se interessavam pelas
atividades rurais ou mesmo
pelo campo. Eles saíam das
fazendas para estudar, nunca
mais voltavam e acabavam
vendendo as terras herdadas.
Quando começaram a ser feitos
eventos de laço, os jovens
começaram a se interessar”,
conta João Ramos. Com 68
anos, ele participa de eventos
como esses há 20.
“Provas de laço comprido
tem tudo a ver com nossa
cultura. A tradição do manejo
do gado retornou”, defende
João, que foi campeão
na categoria Capitão da etapa
2010 do Circuito de Laço
Comprido (CLC), um dos
eventos do tipo que acontecem
na Capital.
Tudo que acontece na pista
é narrado por um locutor
que atropela as palavras em
um fôlego infinito. Quando o
peão laça o animal, o público
entra em êxtase. Nas arquibancadas,
a grande maioria
se veste a caráter, com calças
apertadas, botinas e chapéu.
Crianças, adolescentes, adultos,
mulheres e homens, todos
assistem às proezas feitas
para prender os animais sem
tirar os olhos da pista.
“É uma festa familiar. Todos
vem assistir e participar.
E não são apenas fazendeiros
que vêm ao evento, mas
todas as pessoas que gostam
do espírito sertanejo”, alega
Anderson Arcas, que foi um dos organizadores da segunda
edição do CLC.
Ele é pai de Fernando Arcas,
de 11 anos, e Sílvia Lúcia
Arcas, de 14. Ambos os filhos
participam das provas, mas
em categorias diferentes. Fernando
maneja com precisão
o laço, o que lhe garantiu o
título de melhor laçador. Já
Sílvia monta no cavalo para
participar da prova dos três
tambores, na qual cada montador
deve contornar com
precisão cada um.
As provas das festas de laço
têm diversas modalidades.
Todas simulam situações reais
encaradas pelos peões nas fazendas.
O “team penning”, por
exemplo, coloca o montador
diante de um grande número
de bois, para que ele os confine
no curral. As provas são realizadas
em duplas, times ou individualmente.
Apesar de nem
todas usarem o laço, como é
o caso dos três tambores, elas
estão ligadas de alguma forma
à cultura sertaneja.